Família de dona de creche morta no Arenoso pede justiça

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Polícia

08 de novembro de 2016 às 15h28

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Sob forte comoção, cerca de 80 pessoas, entre familiares e amigos Maria Amélia Santos, 63 anos, estuprada e morta dentro de sua creche, no bairro do Arenoso, protestaram e pediram a prisão de Eric Carvalho da Conceição, 24, durante o sepultamento da técnica de enfermagem aposentada. O enterro aconteceu na manhã desta terça-feira (8), no Cemitério Municipal de Periperi, no Subúrbio. Eric é apontado pela polícia como suspeito de ter cometido o crime dentro da Creche Escola Menino de Jesus, na noite de domingo (6).

"Justiça é a única coisa que queremos. O que ele fez com minha avó, não se faz nem com um inimigo. Quero que ele pague por cada gota de sangue que ela derramou, cada dor que ele fez ela sofrer antes de morrer, cada lágrima que a gente está chorando agora", disse a neta de Amélia, a estudante Scarlet Oliveira Santos, 22. Para ela, que chegou a conviver com o suspeito, a ficha não caiu completamente. "Eu acordei achando que ela pesadelo, mas não, é real", lamentou, aos prantos. Segurando uma foto de Eric, a estudante disse que a perda da avó é uma dor sem remédio.

Grávida de oito meses, a funcionária da creche Maristela Silva Santos, 32, não quis perder a oportunidade de se despedir de Maria Amélia, a quem considerava sua "mãe do coração". "Quem vai cuidar da gente agora? Me diga, quem vai cuidar da gente agora", repetia ela, que precisou ser amparada pelos amigos. Maristela já foi atendida pela creche, quando jovem, e se tornou funcionária voluntária da instituição, fundada por Maria Amélia há 28 anos.

A amiga de Maria Amélia e voluntária da creche, Jaciara Trindade, 50, afirmou que só vai sossegar quando o suspeito for encontrado. "Ela matou a fome dele tantas vezes, ela era tão boa, tão meiga. Eu espero que ele seja destruído", bradou. De acordo com a família da vítima, Eric já foi acolhido pela creche, mas foi expulso do Arenoso por moradores após tentar roubar uma casa, há cerca de quatro anos.

De acordo com moradores, ele foi visto pela última vez, antes do crime, no sábado (5). "Soubemos que ele está no Bairro da Paz, temos fé que ele vai ser encontrado e preso. Se não for pela polícia, que seja por alguém que queria fazer justiça", disse uma moradora, sem se identificar. Segundo os moradores, Eric não tinha família no Arenoso e se alimentava na creche, junto com outros adultos, jovens e crianças que são atendidos na instituição.

As filhas de Maria Amélia, as professoras Maria Cristina dos Santos, 44, e Patrícia Emanuela Santos, 28, afirmaram que vão dar continuidade ao trabalho desenvolvido na Creche Escola Menino de Jesus. "Não podemos deixar o sonho morrer, eu e minha irmã vamos continuar com o sonho dela, levar adiante, nos formamos professoras por isso. Ela dizia 'se chegar criança com fome, a gente atende, a gente dá um jeito mas eu não quero ninguém com fome aqui'", lembrou a filha mais velha.

Segundo Maria Cristina, a creche era custeada pela própria Amélia, além doações de pessoas físicas. "Agora, sem esse dinheiro que era dela e ela aplicava na escola, a gente ainda não sabe que rumo tomar, precisamos de ajuda para dar amparo a essas pessoas", finalizou.  Criado na Menino de Jesus, o motoboy Edmilson Nascimento, 40, disse ao CORREIO que vai guardar apenas boas lembranças de Amélia, que foi responsável por sua criação e, segundo ele, uma das melhores pessoas que já conheceu.

Reprodução: IBahia

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