Ao TSE, Marcelo Odebrecht diz que Dilma sabia de todas as doações por caixa 2

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Política

24 de março de 2017 às 05h55

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O empresário Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira Odebrecht, afirmou em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no início de março que a ex-presidente Dilma Rousseff sabia da "dimensão" das doações por meio de caixa 2 feitas pela empresa à campanha da petista à reeleição.

A informação foi divulgada pelo site "O Antagonista" e confirmada posteriormente pela TV Globo.

O executivo falou ao TSE como testemunha nas ações que tramitam no tribunal pedindo a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer por suposto abuso de poder político e econômico na eleição presidencial de 2014.

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Em nota, a ex-presidente Dilma negou as informações, chamou a declaração de "leviana" e pediu que o empresário comprove o que disse ao tribunal .

Ao ser questionado pelo juiz auxiliar Bruno César Lorencini sobre se teria conversado com Dilma a respeito da campanha de 2014, Marcelo Odebrecht negou.

Ele, porém, disse que a então presidente e candidata à reeleição sabia da "dimensão" das doações e que os pagamentos não constavam da prestação de contas do PT.

"A Dilma sabia da dimensão da nossa doação, e sabia que nós éramos quem doá... quem fazia grande parte dos pagamentos via caixa dois para [o marqueteiro] João Santana. Isso ela sabia", disse Odebrecht no depoimento.

Questionado novamente sobre as doações, dessa vez pelo ministro Herman Benjamin, Marcelo Odebrecht afirmou:

"O que Dilma sabia era que a gente fazia, tinha uma contribuição grande – a dimensão da nossa contribuição era grande, ela sabia disso – e ela sabia que a gente era responsável por muitos pagamentos para o João Santana. Ela nunca me disse que sabia que era caixa 2, mas é natural, é só fazer uma... ela sabia que toda aquela dimensão de pagamentos não estava na prestação do partido", disse o empresário.

Ele reiterou, em outro momento do depoimento, que nunca ouviu de Dilma que ela sabia que os repasses eram feitos de forma irregular.

"Eu não sei especificar o momento em que eu tive essa conversa com ela, mas isso sempre ficou evidente, é que ela sabia dos nossos pagamentos para o João Santana. Isso eu não tenho a menor dúvida", complementou.

 

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Lula e Palocci

Marcelo Odebrecht afirmou no depoimento que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro da Casa Civil Antônio Palocci foram os responsáveis por arrecadar dinheiro para a campanha de Dilma Rousseff à Presidência em 2010.

Durante o depoimento, o empreiteiro narrou que, a partir de 2011, quando Dilma já exercia seu primeiro mandato, a petista passou a tratar da "relação" do PT com a Odebrecht.

Antes, segundo ele, quem cuidava da arrecadação para o partido era Palocci e, durante a campanha de 2010, Lula.

"Ela [Dilma] começou a cuidar, digamos assim, da relação - porque 2010 ela praticamente nem olhou as finanças, acho que todos os pedidos de doação foram feitos por Lula, Palocci, ela nem se envolvia em 2010", afirmou o ex-presidente da Odebrecht.

Em nota o Instituto Lula informou que o ex-presidente "jamais solicitou qualquer recurso indevido para a Odebrecht ou qualquer outra empresa para qualquer fim".

 

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Campanha à reeleição

No depoimento, Marcelo Odebrecht disse ao ministro que "inventou" a campanha de Dilma à reeleição em 2014. Como exemplo, disse que os valores a serem doados para a equipe da petista foram definidos por ele.

"A campanha presidencial de 2014, ela foi inventada primeiro por mim, tá? E... eu não me envolvi na maior parte das demais campanhas, mas a... a eleição presidencial foi... eu conheço ela... os valores foram definidos por mim", afirmou o empresário.

Além disso, Odebrecht afirmou que em 2014 a ex-presidente orientou a empresa a concentrar todos os recursos que seriam doados ao PT para a campanha dela à reeleição.

O empresário disse, porém, que, antes disso, Dilma nunca havia pedido "nada para ela".

Segundo ele, em uma conversa com Guido Mantega, o ex-ministro relatou a ele: "Marcelo, a orientação dela [Dilma] é que todos os recursos de vocês vão para a campanha dela. Você não vai mais doar para o PT, você só vai doar para a campanha dela, basicamente para as necessidades da campanha dela: João Santana, Edinho Silva ou esses partidos da coligação".

Contrapartida

Em outro trecho do depoimento, ele disse que a empresa doou R$ 150 milhões à chapa Dilma-Temer na eleição de 2014, mas não precisou quanto do valor foi doado por meio do caixa oficial e quanto entrou via caixa dois.

"Cento e cinquenta [milhões]. [...] Nós tínhamos uma relação intensa com o governo. Essa relação intensa, ela gerava também a expectativa de que a gente fosse um grande doador. Então, eu, para não ser pego de calças curtas, eu sempre tentava negociar com meus empresários um valor que, na hora que viesse essa demanda do governo, eu tivesse, da parte deles, uma segurança de que esse recurso haveria", explicou o empresário.

Desse valor, segundo o depoimento, R$ 50 milhões seriam uma "contrapartida específica" à aprovação em 2009, pelo Congresso, de uma medida provisória que beneficiava diversas empresas do setor.

A medida provisória 470/2009, conhecida como MP do Refis, foi editada pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Nesse caso desses cento e cinquenta, tem um detalhe específico que é o seguinte: cinquenta milhões, desses cento e cinquenta, de fato, veio em cima de um pedido, de uma contrapartida específica, de um tema que é de 2009.

Então, em 2009, houve, de fato, para esse caso, uma contrapartida específica para a aprovação de um projeto de lei que atendia a várias empresas. E esses cinquenta milhões vieram com um pedido para a campanha de dois mil e dez.

Só que acabou não indo para a campanha de 2010, não sendo utilizado na campanha de 2010, e acabou sendo utilizando na campanha de dois mil e quatorze", afirmou.

Segundo Odebrecht, o acerto para a doação de R$ 50 milhões foi feito diretamente com o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.

O empresário disse que Mantega era o responsável no governo Dilma por tratar de doações com as empresas. Antes, durante o governo Lula, o responsável por tratar de pagamentos ao governo e ao PT era o também ex-ministro Antônio Palocci, de acordo com Marcelo Odebrecht.

(G1) (AF)

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