Pensei que estava em um filme de terror, mas era Neto na Graça, diz procurador

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Política

05 de junho de 2017 às 09h21

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O procurador da Justiça do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Rômulo de Andrade Moreira, em publicação na rede social, acusou motoristas do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), de quase causarem um acidente em manobra arriscada que contou com a presença de seguranças armados na noite deste domingo (4), na Rua da Graça, na capital baiana.
 
Em depoimento, o procurador relata: “voltava do aeroporto, por volta das 20h, com o meu filho e meu motorista. Quando íamos entrar no prédio, surgem dois carros, inopinadamente, pela contramão. O primeiro entrou na garagem, impedindo-me a passagem. O segundo veículo ficou parado, logo atrás, em plena via pública, em frente ao prédio. Desse segundo carro desceram três homens, um deles com uma insígnia pendurada no pescoço, parecendo tratar-se de um policial civil, exaltados e fazendo sinais para os carros que transitavam”.
 
E continua: “não satisfeito de impedir a minha entrada na garagem, a posição em que ficou o veículo não permitiu que uma moradora saísse do edifício. Ela teve que dar marcha a ré para que o veículo que havia dado a contramão entrasse. Pois bem. Após este primeiro carro entrar no prédio, os homens que estavam no segundo veículo entraram também no edifício, enquanto o segundo carro continuava estacionado em plena via pública, e na contramão”.
 
Ainda na publicação, ele releva que tratava-se do prefeito da capital baiana, que deixava um amigo no local. “Era ACM, o neto, que estava dentro do veículo que vinha à frente e era dirigido por uma terceira pessoa. O outro automóvel, que estava imediatamente atrás, era uma espécie de "escolta" e os três homens, seriam policiais civis. Se eram realmente policiais civis eu não posso afirmar, mas com certeza um deles portava ostensivamente um distintivo muito semelhante aos que são usados pela Polícia Civil. A cena seria burlesca se não se tratasse de uma irresponsabilidade e do cometimento de uma grave infração de trânsito. Notem: é um dia de domingo, aproximadamente, às 20h. Não creio que o Prefeito estivesse em serviço, ao contrário, ele veio dar uma carona a um morador”.
 
No final do seu relato, o procurador ironiza: “e eu que pensava que o tempo dos coronéis aqui na Bahia já tinha passado”.
 
Leia o relato na íntegra:

Ocorreu um fato, no mínimo inusitado, agora há pouco em frente ao prédio onde resido, na Rua da Graça, aqui em Salvador. Voltava do aeroporto, por volta das 20h, com o meu filho e meu motorista. Quando íamos entrar no prédio, surgem dois carros, inopinadamente, pela contramão. O primeiro entrou na garagem, impedindo-me a passagem. O segundo veículo ficou parado, logo atrás, em plena via pública, em frente ao prédio. Desse segundo carro desceram três homens, um deles com uma insígnia pendurada no pescoço, parecendo tratar-se de um policial civil, exaltados e fazendo sinais para os carros que transitavam. Não satisfeito de impedir a minha entrada na garagem, a posição em que ficou o veículo não permitiu que uma moradora saísse do edifício. Ela teve que dar marcha a ré para que o veículo que havia dado a contramão entrasse. Pois bem. Após este primeiro carro entrar no prédio, os homens que estavam no segundo veículo entraram também no edifício, enquanto o segundo carro continuava estacionado em plena via pública, e na contramão.
Fiquei assustado, sem entender absolutamente nada, e achando que havia ocorrido algum assalto ou coisa parecida. Fiquei pensando até: seria uma nova fase da Lava-Jato?
Vejam, então, o que efetivamente ocorreu: tratava-se do Prefeito Municipal de Salvador, segundo relato dos dois porteiros do prédio. Era ACM, o neto, que estava dentro do veículo que vinha à frente e era dirigido por uma terceira pessoa. O outro automóvel, que estava imediatamente atrás, era uma espécie de "escolta" e os três homens, seriam policiais civis. Se eram realmente policiais civis eu não posso afirmar, mas com certeza um deles portava ostensivamente um distintivo muito semelhante aos que são usados pela Polícia Civil.
A cena seria burlesca se não se tratasse de uma irresponsabilidade e do cometimento de uma grave infração de trânsito. Ademais, é preciso que seja esclarecido se os três homens que saíram do tal carro que servia de "escolta" e que entraram em meu prédio são, realmente, policiais civis. Das duas uma: se são, estão fora da função pública. Se não são, dizem-se policiais, conforme relato dos dois funcionários do prédio. Aliás, segundo me disseram, não é a primeira vez que o Prefeito de Salvador vem visitar um amigo aqui e está "escoltado" com policiais.
Notem: é um dia de domingo, aproximadamente, às 20h. Não creio que o Prefeito estivesse em serviço, ao contrário, ele veio dar uma carona a um morador.
Bem, então ficamos assim: o motorista de um veículo onde estava o Prefeito de Salvador dá uma contramão, em uma via movimentada, sendo seguido por outro veículo onde estavam três seguranças.
Tudo isso foi testemunhado por várias pessoas: eu próprio, meu filho, meu motorista, os dois porteiros, uma moradora e sua parente. Ah, e está tudo registrado pelas câmaras de segurança.
Portanto, é preciso que os dois veículos sejam multados, como é o meu quando cometo uma infração de trânsito. Também é necessário que o Prefeito esclareça se os seus seguranças são privados ou funcionários públicos municipais. Neste caso, o uso do distintivo constitui crime.
E eu que pensava que o tempo dos coronéis aqui na Bahia já tinha passado...

Fonte: Bocão News
 

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