Ex-diretor do FBI diz que Rússia tentou interferir na campanha presidencial

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Mundo

08 de junho de 2017 às 15h51

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Ex-diretor do FBI, James Comey, durante depoimento no Senado (Foto: REUTERS/Jonathan Ernst)

James Comey, ex-diretor da polícia federal dos Estados Unidos (FBI), afirmou no Senado, nesta quinta-feira (8), não ter dúvidas de que a Rússia tentou interferir na campanha eleitoral que levou Donald Trump à presidência do país. Ele negou, porém, que o presidente tenha tentado interromper a investigação.

"Nenhuma [dúvida]", respondeu ao Comitê de Inteligência ao ser questionado sobre a interferência russa na disputa entre o republicano Trump e a democrata Hillary Clinton em 2016.

Para Comey, a Rússia exerceu ingerência nas eleições mediante a invasão dos sistemas de computadores do comitê nacional do Partido Democrata. No entanto, as informações que possuía não lhe permitem afirmar que o resultado da eleição foi manipulado.

Comey foi demitido repentinamente em maiom, e as circunstâncias da sua saída não ficaram claras. Na época, o presidente alegou que o FBI estava em uma situação caótica.

Dias após seu afastamento, o “New York Times” divulgou um memorando em que Comey relatava o pedido de Trump para que ele encerrasse a investigação sobre um conselheiro de segurança nacional, Michael Flynn, que era suspeito de estar em contato com a Rússia durante a campanha presidencial.

No início da sessão, o presidente da Comissão, o senador Richard Burr, perguntou diretamente: "em algum momento o presidente lhe pediu para interromper a investigação sobre a ingerência russa nas eleições em 2016?". Comey disse apenas "não".

Nesta manhã, Comey disse ter interpretado uma conversa com Trump sobre a investigação envolvendo Flynn como uma "instrução". A preocupação no FBI era a de não contaminar a equipe de investigação. "Não queríamos que os agentes soubessem o que o presidente havia pedido. Quando parte do presidente, tomo isso como uma instrução", disse, de acordo com a France Presse.

Porém, ele ressaltou que não lhe cabe definir se este fato constituía uma tentativa de atrapalhar o trabalho da Justiça. "Não acho que deva dizer se as conversas que tive com o presidente foram obstrução à Justiça. Foi uma coisa muito perturbadora, desconcertante", afirmou.

Difamação

Comey reiterou que Trump tinha reconhecido seu bom desempenho à frente da corporação e tinha feito elogios em várias ocasiões. “Eu entendi que estava fazendo um bom trabalho. Fiquei confuso quando soube pela imprensa que tinha sido demitido por causa da investigação sobre a Rússia. Isso não fazia nenhum sentido para mim”, declarou.

"Talvez seja devido a forma pela qual comandava a investigação [sobre a suposta interferência do Kremlin nas eleições americanas] e pela pressão que isso exercia sobre ele", afirmou, segundo a Efe.

“Embora a lei não exija nenhum motivo para demitir o diretor do FBI, a administração [Trump] escolheu me difamar e, mais importante, difamar o FBI ao dizer que a organização estava em desordem, e que a força de trabalho havia perdido confiança em seu líder", afirmou, citado pela Reuters.

"Isso era mentira, clara e simplesmente. E eu sinto muito que os funcionários do FBI tenham tido que ouvir isso, e que o povo americano tenha ouvido isso", lamentou.

Na audiência, o ex-diretor afirmou que o FBI é honesto, forte e independente e que funcionará com ou sem ele.

Comey também garantiu que documentou seus encontros a sós com o presidente Trump, porque temia que o republicano mentisse sobre o conteúdo das conversas posteriormente. "Estava honestamente preocupado pelo fato de que ele pudesse mentir sobre a natureza de nossos encontros", declarou, segundo a Efe.

"Sabia que poderia chegar ao dia no qual pudesse precisar de um registro do que ocorreu não só para me defender, mas também para defender o FBI", completou o ex-diretor, que está sob juramento.

Quando anunciou a demissão de Comey, em maio, Trump tuitou uma ameaça velada para que se mantivesse em silêncio, sugerindo que poderia ter gravações das conversas entre eles.

Comey deixou claro que não ficou intimidado: "vi a mensagem no Twitter sobre as gravações. Eu espero que haja gravações", disse, segundo a France Presse.

Deste caso dependerá o futuro da administração de Donald Trump, que tem tido dificuldades para concretizar as reformas prometidas. A popularidade do 45º presidente dos Estados Unidos estava nesta semana em um nível historicamente baixo, com apenas 38% de opiniões favoráveis, segundo o Gallup.

Reprodução/G1

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