Feminicídio de adolescente em Itapuã completa um ano: 'Continuo nesse pesadelo', diz mãe de vítima

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Polícia

17 de abril de 2018 às 08h32

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Andreza Victória morreu após ser baleada na casa do namorado, Adriel Montenegro  (Foto: Arte G1 )

O feminicídio da adolescente Andreza Victória Paixão, de 15 anos, baleada na casa do ex-namorado, no bairro de Itapuã, em Salvador, completou um ano nesta terça-feira (17). O ex-namorado da garota, Adriel Montenegro dos Santos, 21 anos, que é filho de um policial militar e apontado como autor da morte, cumpre prisão preventiva, sem prazo para expirar. Além disso, não há data definida para que o caso seja julgado.

"A dor que a gente sente nunca passa, eu continuo neste pesadelo", revela a consultora Lívia Tito, mãe de Andreza. Um ano após o crime, Lívia conta que engordou 20 kg, que não tem mais vontade de sair de casa e que faz tratamento com um terapeuta. "Essa dor ainda é muito forte em mim", disse.

Lívia disse ainda que evita passar momentos festivos com a família. "Quando tem um feriado, eu quero viajar. O réveillon passei na igreja, e minha família se reuniu, mas eu não consegui encontrar com eles, porque é um momento de lembranças, todo mundo chora e eu fico pior", disse.

O site não conseguiu contato com o pai da adolescente, que é separado de Lívia. Entretanto, segundo informações de familiares, o comerciante Márcio da Paixão deixou o imóvel onde residia com a filha e outros familiares, ainda no mês do crime, e desde então não retornou à casa, que está fechada.

O ex-namorado da adolescente ficou foragido por cinco meses após o crime. No dia 25 de setembro de 2017, ele se apresentou no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), acompanhado de um advogado. Ele chegou a ser incluído no "Baralho do Crime" da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), que reúne os criminosos mais procurados do estado.

Três meses após a morte de Andreza, durante uma entrevista ao G1, em julho de 2017, a mãe da menina disse que teria paz quando soubesse da prisão de Adriel, pois para ela, naquele momento estaria sendo feita Justiça.

Entretanto, quase sete meses após a prisão do rapaz, ela diz que ainda não consegue sentir a paz que esperava. "A prisão traz sim um acalento, uma sensação de Justiça em andamento. Mas eu ainda não consegui superar e, para ser sincera, nem sei se vou, porque nunca mais vou ver minha filha", concluiu.

Audiência

Adriel foi ouvido durante uma audiência de instrução do caso, realizada no dia 27 de março deste ano, na capital baiana. O teor do depoimento do jovem não foi divulgado.

Além de Adriel, três testemunhas foram ouvidas. Conforme o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), o processo vai ser encaminhado ao Ministério Público (MP-BA) para parecer e, depois disso, retorna ao Tribunal para julgamento, se não houver outras diligências. O G1 procurou os dois órgãos para saber o andamento do processo, mas não obteve retorno.

O rapaz foi denunciado pelo Ministério Público pelo crime de homicídio, com motivo torpe, sem possibilitar a defesa da vítima e prática de feminicídio, além de porte ilegal de arma.

Após ser preso, Adriel disse em depoimento que o tiro que atingiu a jovem foi acidental, ocorrido depois que ele tentou tirar o revólver das mãos de Andrezza que, segundo o rapaz, estava o ameaçando coma a arma. O rapaz disse que ela não aceitava o fim do relacionamento, que ele gostava da garota e que não teve intenção de matar a vítima.

A polícia disse, no entanto, que não acredita na versão do supeito e que os laudos sobre o crime apontam que o jovem teve a intenção de matar a ex-namorada.

Fonte: G1 // AO 

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