Esgoto tratado reduz índice de doenças no Triângulo Mineiro

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Saúde

20 de setembro de 2018 às 07h34

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Na terra do pão de queijo e de belas montanhas, não são apenas a gastronomia e a paisagem natural que têm chamado a atenção. Com praticamente 100% de esgoto tratado, Uberlândia e Uberaba, os dois municípios mais populosos do Triângulo Mineiro, oeste de Minas Gerais, se destacam entre as dez cidades com melhor saneamento básico do país. A reportagem da Agência Brasil passou três dias na região e constatou que investimentos públicos realizados ao longo dos últimos 15 anos fizeram com que indicadores como distribuição, tratamento e coleta e água e esgoto disparassem em relação à média nacional.

Atualmente, Uberaba e Uberlândia possuem, respectivamente, 98,5% e 98,7% do esgoto coletado e tratado. O serviço só não chega às regiões rurais mais remotas dos municípios, que são atendidas, em geral, por fossas sépticas. Para se ter uma ideia, apenas 44,92% dos esgotos em todo o país passam por tratamento. Na prática, significa que 55% desses resíduos de água contaminada são lançados diretamente na natureza, principalmente nos rios e nas águas do mar. Esse volume corresponde a 5,2 bilhões de metros cúbicos por ano ou quase 6 mil piscinas olímpicas de esgoto por dia.

As informações são do Instituto Trata Brasil, que produz anualmente o ranking nacional das maiores cidades do país com base nos dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) do Ministério das Cidades. A média das 100 maiores cidades brasileiras em tratamento dos esgotos foi de 50,26%. Apenas dez delas tratam acima de 80% seus esgotos, segundo o ranking organizado pela entidade, que reúne empresas e especialistas que atuam no setor.

Reflexos na saúde
O acesso ao saneamento básico está diretamente relacionado à redução de internações por infecções gastrointestinais na rede hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2013, por exemplo, foram mais de 340 mil internações em todo o país. De acordo com o Instituto Trata Brasil, citando dados oficiais, se 100% da população tivessem acesso à coleta de esgoto, haveria redução, em termos absolutos, de 74,6 mil internações em todo o país por ano, uma redução de 21%.

Em média, o custo de uma internação por infecção relacionada à contaminação da água é de R$ 355,71 por paciente. Em 2015, o custo das horas não trabalhadas por pacientes afastados do emprego alcançou R$ 872 milhões. As despesas hospitalares com internação, no mesmo ano, foram de R$ 95 milhões, somente no SUS. Considerando as projeções para o avanço da cobertura de saneamento básico até 2035, entre despesas com internação na rede pública e redução dos afastamentos de trabalho, a economia em saúde deve alcançar R$ 7,239 bilhões em todo o país.

Em Uberlândia, que tem uma população de 700 mil habitantes, as notificações de doenças gastrointestinais - relacionadas à qualidade da água - são praticamente inexistentes. “Não temos mais uma busca ativa, no pronto-socorro da cidade, por doenças gastrointestinais causadas por questão alimentar ou contaminação da água. Os registros, em geral, estão associados a causas virais, que ocorrem de forma sazonal, por razões climáticas”, explica o médico Clauber Lourenço, assessor técnico da Secretaria Municipal de Saúde.

Agência Brasil // ACJR

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