'Mensalinho' da Alerj movimentou ao menos R$ 54 milhões: 'Propinolândia', diz procurador

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Política

08 de novembro de 2018 às 11h50

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Alguns dos alvos da Operação Furna da Onça: Affonso Monnerat, André Correa, Chiquinho da Mangueira, Coronel Jairo, Edson Albertassi, Jorge Picciani; Leonardo Jacob, Luiz Martins, Marcelo Simão, Marcos Abrahão, Marcus Vinícius Neskau, Paulo Melo e Vinícius Farah â?? Foto: Reprodução

O esquema de compra e venda de votos na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) movimentou ao menos R$ 54 milhões, segundo informou o superintendente da Polícia Federal, Ricardo Saadi. A declaração foi dada em entrevista coletiva nesta quinta-feira (8), após a deflagração da Operação Furna da Onça, que investiga um suposto "mensalinho" na Alerj. Os valores chegavam a R$ 900 mil.


A investida cumpriu, até as 11h, 20 de 22 mandados de prisão - dez dos quais, contra deputados estaduais fluminenses, cinco deles reeleitos. “A prisão temporária foi decretada e não será submetida à Alerj”, destacou Carlos Aguiar, do MPF.

Também foi alvo da operação o secretário estadual de Governo, Affonso Monnerat, apontado como o canal entre Alerj e Palácio Guanabara. Estão foragidos o presidente do Detran, Leonardo Jacob, e seu antecessor, Vinícius Farah, em cujas gestões, segundo a força-tarefa, lotearam-se cargos como parte das vantagens indevidas.

Houve ainda 47 mandados de busca e apreensão - um foi na Alerj, no prédio anexo; outro no Palácio Guanabara, sede do governo estadual.

Alguns dos alvos são:

Affonso Monnerat, secretário estadual de Governo, preso;
André Correa (DEM), deputado estadual reeleito e ex-secretário estadual de Meio Ambiente, preso;
Chiquinho da Mangueira (PSC), deputado estadual reeleito e presidente da escola de samba, preso;
Coronel Jairo (MDB), deputado estadual não reeleito, preso;
Edson Albertassi (MDB), deputado afastado - já preso em Bangu;
Jorge Picciani (MDB), deputado afastado - já em prisão domiciliar;
Leonardo Jacob, presidente do Detran, foragido;
Luiz Martins (PDT), deputado estadual reeleito, preso;
Marcelo Simão (PP), deputado estadual não reeleito, preso;
Marcos Abrahão (Avante), deputado estadual reeleito, preso;
Marcus Vinícius Neskau (PTB), deputado estadual reeleito, preso;
Paulo Melo (MDB), deputado afastado - já preso em Bangu;
Vinícius Farah (MDB), ex-presidente do Detran, eleito deputado federal, foragido.
Sobrepreço de contratos
De acordo com as investigações, a organização criminosa, chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral, pagava propina a vários deputados estaduais, a fim de que patrocinassem interesses do grupo criminoso na Alerj. Loteamento de cargos no Detran era outra forma de "agrado".

A força-tarefa afirma que o esquema continuou mesmo após as operações do ano passado, quando Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi foram presos.

“Estima-se que o valor desviado e pago em propina seja de, pelo menos, R$ 54,5 milhões, dos quais uma parte foi financiada pelo sobrepreço de alguns contratos”, afirmou Ricardo Saadi, superintendente da Polícia Federal.

Procurador-regional da República, Carlos Aguiar explicou que cargos públicos foram dados como moeda de troca, e citou “propinolândia” na Alerj?.

?“As investigações demonstraram que esses personagens lotearam o estado do Rio de Janeiro para viabilizar a execução dos seus interesses políticos. Alerj se tornou propinolândia.”
Incontrolável
Delegada da PF, Xênia Soares afirmou que o montante dos pagamentos indevidos cresceu tanto que foi preciso "terceirizá-los". “Esses pagamentos eram feitos pelos irmãos Chebar", conta Xênia. No segundo mandato de Sérgio Cabral, eles não conseguiram administrar a quantidade de valores que tramitavam. Então, terceirizavam o serviço de movimentação do dinheiro da organização criminosa que eram dados por ordem de Carlos Miranda para os doleiros Juca e Toni", detalha.

Affonso Henrique Monnerat, secretário de Pezão, é o personagem que faria o canal entre os deputados e o Executivo no esquema. Segundo o procurador Carlos Aguiar, "Não há indícios de que o atual governador esteja envolvido nos pagamentos".

"Parte do dinheiro vinha do doleiro Álvaro Novis e era passado pela Fetranspor aos presidentes da Alerj. Outra parte vinha do dinheiro de obras feitas pela Odebrecht no Estado", disse Xênia Soares.
"As investigações mostraram que os envolvidos no esquema possuíam uma movimentação financeira completamente incompatível com os ganhos legais", disse o superintendente da Receita Federal da 7ª Região, Luiz Henrique Casemiro.

"O esquema não usava apelidos, eram os nomes dos envolvidos. A organização agia com a certeza da impunidade”, destacou a procuradora Renata Ribeiro Baptista, do MPF.

Loteamento
O Detran era fonte de cargos, segundo a força-tarefa. "Chiquinho da Mangueira tinha 74 indicações. Luiz Martins, sozinho, tinha 137", afirmou a procuradora Renata Ribeiro Baptista. "Entre os 40 que estavam com indicação de Paulo Melo, 15 apareciam como prestadores de serviço em campanhas eleitorais do próprio deputado", emendou.

"O Detran era manipulado para a realização de atividades de interesse de grupos corruptos. O deputado Paulo Melo era considerado o “dono” do Detran", disse a delegada Xênia Soares, da PF.
A operação foi determinada por desembargadores da 1ª Seção Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) e se debruça também sobre a atual gestão do governo estadual, apesar de não haver citação direta ao governador Luiz Fernando Pezão.

Operação Cadeia Velha
Deflagrada em novembro de 2017, a operação levou para a cadeia os deputados Jorge Picciani, Paulo Mello e Edson Albertassi e investigou esquema de corrupção em que os deputados usavam da sua influência para aprovar projetos na Alerj para favorecer as empresas de ônibus e também as empreiteiras.

Atualmente, Jorge Picciani está em prisão domiciliar por causa de sua saúde e Paulo Mello e Albertassi seguem presos em Bangu.

Esta semana, o RJ2 mostrou trechos de escutas gravadas com autorização da Justiça na época da Cadeia Velha. Os áudios trazem Picciani articulando para sair da prisão, horas antes de se entregar, e o braço direito do então presidente da Alerj negociando recolhimento de propina.

G1 // AO

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