Praticantes de stand up paddle que sumiram no mar da Barra contam que calma foi fator decisivo

O homem e a mulher que desapareceram enquanto praticavam stand up paddle, na praia do Porto da Barra, em Salvador, contaram que a calma foi o principal fator para que não entrassem em desespero enquanto estavam em alto-mar. Eles foram resgatados por volta das 10h deste domingo (11), na região próxima à Praia de Aratuba, na Ilha de Itaparica.

Os dois chegaram em Salvador às 12h50 deste domingo, trazidos pelo navio-Patrulha Gravataí da Marinha do Brasil. O local onde eles foram achados fica a 16 quilômetros da praia da Barra. André Vinicius Farias Souza e Rita Maria de Sales desapareceram junto com Geraldo da Conceição Tomaz, no fim da tarde de sábado (10).

“A gente deslizou [no mar] e, por conta da correnteza, com a maré ficou difícil de voltar. Fomos levados pra longe, então a gente preferiu ficar tranquilo sem fazer muito esforço, esperando uma ajuda que a gente não sabia se vinha. Em determinado momento eu avistei um navio e resolvi remar até ele”, contou Geraldo, o primeiro a ser resgatado.

Ele foi encontrado ainda no sábado, às 22h50. Os três são amigos e praticavam o esporte juntos, no Porto da Barra. Eles alugaram as pranchas do esporte na praia e foram arrastados para fora do limite da Baía de Todos-os-Santos, por volta das 18h.

Geraldo remou por cerca de 1h até chegar à embarcação, que era o navio mercante Monte Sarmiento, para pedir ajuda no resgate dele e dos companheiros.

"Eu caí algumas vezes da prancha, porque as ondas estavam bem altas. Quando consegui chegar perto do navio, pedi ajuda [aos tripulantes]. Depois de resgatado, passei por atendimento médico. Aí eu fui com a Marinha procurar meus amigos. Fomos com duas lanchas da Capitania dos Portos, mas não conseguimos encontrar eles dois", relembrou.

Vídeo mostra chegada de remadores de stand up paddle após resgate em Salvador

André e Rita foram encontrados por volta das 10h deste domingo, por um catamarã da linha Salvador-Morro de São Paulo. Segundo a Marinha, todas as embarcações da região foram alertadas do sumiço dos dois para que pudessem prestar socorro caso encontrassem os amigos.

Depois de serem retirados do mar, a dupla foi conduzida para o Gravataí, que tinha uma equipe médica a bordo. Os dois foram atendidos e precisaram tomar soro diretamente na veia, porque estavam parcialmente desidratados.

Apesar de terem passado a noite em cima de pranchas, em alto-mar, Rita e André foram resgatados em boas condições de saúde e tranquilos. Eles chegaram a Salvador visivelmente cansados e falaram rapidamente com a impresa. "Tentamos o tempo todo manter o nível de consciência para não entrar em desespero", disse Rita.

O primeiro reencontro da dupla foi com o amigo Geraldo, logo que eles desembarcaram na Capitania dos Portos. Os três se abraçaram e agradeceram por estarem vivos. Depois, os amigos foram acolhidos por familiares. Segundo André, a parceria foi fundamental para que não entrassem em desespero.

“Foi muito difícil [virar a noite no mar], mas graças a Deus a gente passou por isso e deu tudo certo. Quando começou a chegar em alto-mar ficamos preocupados, por conta das ondas altas. Não entramos em pânico, ficamos tranquilos. Era só questão de saber quando ia chegar o resgate. Nós fizemos questão de nos manter juntos para nos ajudar”, avaliou André.

Para Geraldo, o fato dos três serem praticantes de stand up paddle há um tempo os ajudou a manter o controle no momento difícil. "Vou continuar a praticar o esporte sim, foi muito importante. Agora é só aperfeiçoar. Se não fosse essa prática, eu jamair teria tido essa disposição de nadar até o navio e procurar ajuda para nós".

G1 // AO