Vetores da doença de Chagas, barbeiros tiram sossego de moradores de Alphaville

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Salvador

08 de novembro de 2019 às 09h42

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Só este ano, 210 amostras do inseto foram recolhidas para análise pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).

Deste total, 70% foi encontrado nos bairros de Alphaville e Le Parc e quase todos estavam contaminados. De acordo com a bióloga Eliaci Costa, subcoordenadora do CCZ, o aparecimento do inseto costuma acontecer a partir de setembro, quando as temperaturas por aqui ficam mais elevadas.

O surgimento do besouro na rotina dos moradores de Alphaville remonta a 2006, quando a área começou a ser desmatada para a construção de empreendimentos. Antigamente, os barbeiros costumavam aparecer somente nas áreas comuns dos imóveis, mas agora eles já vêm sendo encontrados no interior de casas e apartamentos e é nessa situação que os especialistas estão de olho.

A bióloga do CCZ relata que o barbeiro do tipo triatoma tibiamaculata, o mais comum encontrado por aqui, costuma ser muito confundido com percevejos. Conforme informativo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), esse tipo costuma ter entre 2,9 cm e 3,3 cm.

Desmatamento

A subcoordenadora do CCZ lembrou que, no ano passado, 224 amostras foram coletadas e que os números eram mais do que o dobro no início da ocupação dos bairros. “Com o desmatamento desses locais, essa espécie ficou desalojada. Antes eles ainda ficavam mais restritos à mata, nossos técnicos faziam avaliação na mata mesmo”, lembrou.

Eliaci descreveu o barbeiro como um animal de hábitos noturnos e não agressivo, com baixa autonomia de voo. Mas, apesar de não voar bem, ele pode facilmente ser atingido por correntes de ar que o leva a alturas maiores. O CCZ encontrou amostras até no 15º andar de um prédio. E é justamente aí que mora o problema. Quando adentra aos apartamentos, o bicho representa risco para os humanos, principalmente crianças e animais de estimação.

“Este inseto é silvestre, ele não tem o hábito de sugar sangue de pessoas, mas as crianças, por exemplo, que têm o hábito de levar a mão à boca, se não tiver alguém observando, elas podem se contaminar”, alertou Eliaci.

No caso de cães e gatos, é possível que o barbeiro possa sugá-los, mas ainda não há registro desse fenômeno em Salvador pelo CCZ. O órgão pensa, inclusive, em dar início a uma pesquisa mais aprofundada sobre a questão e seus possíveis impactos, já que os insetos têm chegado cada vez mais aos domicílios. Desde 2006, o Centro de Zoonoses monitora Alphaville e, mais recentemente o Le Parc, a partir de 2016.

Informações: Correio 24h // IF

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