ONG prepara educadores para ajudar jovens a lidar com questões ligadas ao HIV

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Saúde

27 de novembro de 2015 às 10h20

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A Fundação Poder Jovem lançou nesta quinta-feira (26) um projeto de capacitação de cerca de 200 líderes de educação de 75 escolas públicas para fazer palestras sobre HIV e temas importantes para os adolescentes. O projeto, em parceria com a Diretoria Regional de Ensino Centro-Oeste de São Paulo, deve durar dois anos.

O objetivo é criar ferramentas que os professores possam ajudar os adolescentes nos conflitos típicos desta faixa etária, incluindo questões ligadas ao vírus HIV, causador da aids. Conforme dados do Ministério da Saúde, o índice da doença entre os jovens de 16 a 24 anos aumentou 40% de 2006 até este ano. Em São Paulo, a incidência aumentou 21,5%, segundo a Secretaria de Estado da Saúde.

“O seminário foi feito para aumentar o conhecimento, a sensibilização e a conscientização de líderes gestores de educação. Estão aqui os diretores e coordenadores pedagógicos para serem sensibilizados pela visão do paciente e da pessoa que convive com pacientes. Vamos falar dos conflitos que essas pessoas enfrentam”, disse a diretora da Fundação Poder Jovem, Glória Brunetti, médica do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

De acordo com a infectologista, posteriormente, os professores serão capacitados pela organização não governamental (ONG) e, por isso, é preciso analisar cada escola onde as informações serão passadas para que a orientação seja eficaz e as ações deem resultado. “Tentaremos personalizar essas ações. Temos que entender que as dificuldades variam de lugar para lugar – às vezes, vamos para as unidades com um discurso que não combina. Por isso, tentaremos alinhar essa fala para alcançar a sensibilização de que precisamos.”

Glória Brunetti disse que a terceira etapa é fazer o projeto chegar a todos os jovens das escolas municipais e estaduais de São Paulo e dos demais estados do país.

Em 2011, a ONG fez pesquisa com 16 jovens de 13 a 21 anos que participavam de seus projetos e tinham nascido com o vírus HIV. O levantamento constatou que  62% deles frequentavam a escola, 42% tinham relações afetivo-sexuais, mas só 37% faziam atividades físicas, e que 87% já haviam sido internados. “A pesquisa também detectou que alguns não tomavam o remédio porque não tinham disciplina, porque não queriam sentir os efeitos colaterais e porque tinham que esconder essa realidade dos outros”, disse a médica.

A assessora técnica de Coordenação e Prevenção e Articulação Social do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Alícia Kruger, ressaltou que, por causa das restrições nos planos Nacional e Estadual de Educação, ficou muito difícil entrar nas escolas para falar sobre doenças sexualmente transmissíveis, gênero e sexualidade. “As dificuldades para tratar desses assuntos na escola existem porque a maioria desses alunos é menor de idade e está sob a tutela dos pais, que não concordam com a temática nas escolas.”

Alícia disse que outra questão é que vive-se atualmente um período de grande conservadorismo político o que impede de falar sobre os temas. “Por isso, projetos como o da Fundação Poder Jovem são maravilhosos, e nós queremos estar junto com essas iniciativas”, afirmou.

Aceitar realidade é difícil

Ingrid Caroline de Oliveira, que tem 20 anos, nasceu com o vírus HIV. Ela contou que começou a aceitar sua realidade há pouco tempo, quando passou a fazer parte da fundação. “Minha maior dificuldade sempre foi me aceitar e aderir ao tratamento, porque os efeitos colaterais são muito fortes. Infelizmente, ainda há o tabu de que uma pessoa com HIV não pode ter uma vida normal. Eu vivo normalmente, apenas tenho que ter mais cuidados com a saúde”, afirmou.

A família escondeu a doença de Ingrid até que ela completou 12 anos e, na escola, os professores de educação física a proibiram de participar das aulas, alegando que ela poderia se machucar e transmitir a doença para os colegas. “Tomar remédios se tornou sinônimo de doença e eu fiquei em depressão. Eu também não participava das aulas de biologia porque me afetava. Mas, quando completei 18 anos, minha família deixou por minha conta, eu conheci a Fundação e voltei a me cuidar.”

O conhecimento tardio da doença também foi uma realidade na vida de Josi Morais, de 31 anos, que também nasceu infectada. Para Josi, fazer o tratamento é o mais difícil, porque a criança tem de se acostumar a tomar o remédio todos os dias. “Chega uma hora que enjoa, dá vontade de largar e uma hora a gente sempre falha. Mas a cobrança é muito grande.”

Embora diga que nunca sofreu preconceito, ela ressaltou que é muito difícil falar do HIV, principalmente quando se cresce com o segredo. “Quando se cresce com o tabu, a gente se torna um adulto com dificuldade de falar do assunto. Hoje já não tenho tanto problema, porque estou com 31 anos e já passei por todas as fases. Eu tomava remédio sem saber para que, minha mãe faleceu com HIV e eu não sabia  de que ela tinha morrido. O HIV envolve toda a vida social, embora tenha tratamento”, destacou Josi.

Fonte: Agência Brasil Foto: Reprodução

 

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