Presa em protesto, jovem acusa PMs de agressão sexual

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Brasil

09 de dezembro de 2015 às 17h30

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A estudante de Letras Andreza Delgado, de 20 anos, afirma que foi agredida sexualmente por policias militares após ser detida, na quinta-feira (3), durante manifestação contra a reorganização escolar de Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo a jovem, policiais passaram a mão em suas partes íntimas e a xingaram de "vagabunda" e "macaca".

Andreza foi detida com outros três manifestantes durante protesto na Avenida Faria Lima, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Ela e outras duas pessoas foram acusadas pelos policiais por lesão corporal, dano qualificado, corrupção de menor, resistência, desacato e desobediência por supostamente terem usado carteiras escolares para depredar uma viatura. A estudante foi liberada no dia seguinte, após audiência de custódia.

"Toda a ação foi um abuso, porque foram policiais homens que me prenderam e já começaram a me agredir, me puxando a força e me jogando dentro da viatura. Depois, no carro, eles começaram a me xingar de vagabunda e macaca e diziam que iam me dar uma gilete para depilar meus pelos e cortar meu cabelo", contou Andreza. Ela disse que os xingamentos e a agressão ocorreram na frente dos outros jovens detidos.

As agressões, segundo a jovem, começaram no carro da polícia, mas continuaram no estacionamento do 14º DP (Pinheiros), para onde os manifestantes foram levados. "Eles diziam que estavam nos qualificando (pelos crimes), mas ficavam fazendo pressão psicológica. Pensei, em alguns momentos, em correr para dentro da delegacia para me proteger", disse. Ela contou que as agressões duraram por cerca de 30 a 40 minutos.

Andreza afirmou ter registrado a denúncia no 89º DP (Morumbi) e se submetido a exame de corpo de delito.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado informou que a Polícia Militar negou todas as acusações da jovem. No entanto, disse que as "alegações da autora" estão sendo apuradas. O ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo, Julio Cesar Fernandes Neves, encaminhou o caso para apuração da ação dos policiais pela Corregedoria da PM e o Ministério Público.

Neves disse que a Ouvidoria já pediu a investigação de 11 situações em que podem ter ocorrido abusos de policiais durante as manifestações e ocupações de escola.

Medo

Andreza, que é estudante da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), disse que, depois das agressões, procurou atendimento psicológico e que está com medo de sair sozinha na rua. "Eu estou muito assustada com isso. É uma humilhação muito grande, não me senti humana naquele momento. Estou com medo de policiais, porque eles têm um comportamento muito arbitrário, principalmente com mulheres e pobres", disse.

 Foto: Reprodução/A tarde

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