Fórmula 1: GP da Itália tem desfecho improvável

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Esporte

06 de setembro de 2020 às 12h13

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O acidente de Leclerc parou a corrida em bandeira vermelha

De longe, mas de muito longe, o GP da Itália foi a melhor e mais empolgante corrida da temporada 2020 da Fórmula 1. Aconteceu de tudo: piloto favorito que despencou na largada, Ferrari dando vexame em casa, acidente grave (sem maiores consequências a não ser na dinâmica da prova em si), bandeira vermelha e Lewis Hamilton, acredite, punido e andando em último lugar. Mais inacreditável ainda é que a categoria viu, no templo do automobilismo, um novo vencedor na tarde deste domingo (6) em Monza: Pierre Gasly, com a AlphaTauri. Foi a primeira vitória de um piloto francês desde o triunfo de Olivier Panis no GP de Mônaco de 1996. Um dia incrível para a F1.

Lewis Hamilton, que largou na pole-position, liderava a corrida com enorme tranquilidade. Até que sua história na prova mudou depois do acionamento do safety-car em razão do abandono de Kevin Magnussen. A Mercedes chamou o hexacampeão para os boxes quando o pit-lane ainda estava fechado, o que resultou em punição de stop-and-go de 10s e a consequente perda das chances de vitória. Valtteri Bottas, por sua vez, também foi muito mal desde a largada e, mesmo tendo o melhor carro do grid, jamais foi um concorrente direto pela vitória. Max Verstappen também teve um dia para esquecer e abandonou a corrida.

A Ferrari teve outro dia muito difícil na Fórmula 1. Na corrida 999 da sua história no Mundial, a mais longeva das equipes do grid viu o abandono de Sebastian Vettel logo nas primeiras voltas por conta de um problema nos freios traseiros. E pouco depois, Charles Leclerc provocou o maior susto do dia ao perder o controle da SF1000 e bater muito forte na curva Parabólica. Tudo bem com o monegasco, que saiu andando, mas a direção de prova acionou a bandeira vermelha, algo que ajudou a mudar a história da corrida.

O domingo também marcou a despedida da família Williams da Fórmula 1. Na esteira da equipe, vendida ao fundo norte-americano Dorilton Capital, Claire Williams saiu de cena e encerrou uma trajetória de mais de 40 anos o sobrenome que é sinônimo de vitórias e títulos no esporte a motor.

Saiba como foi o GP da Itália de Fórmula 1

As linhas abaixo explicam o que foi o insano domingo. A corrida foi fora do normal desde o começo, diga-se.

A largada em Monza foi boa para Lewis Hamilton, ótima para Carlos Sainz, excepcional para Lando Norris e horrorosa para Valtteri Bottas. O líder do campeonato não teve dificuldades para seguir na liderança, enquanto o finlandês enfrentou uma primeira volta para esquecer. Sem rendimento, Valtteri perdeu posições para Sainz, Norris — que pulou de sexto para terceiro —, Sergio Pérez e até Daniel Ricciardo, caindo de segundo para sexto.

Bottas alegou, em conversa com a Mercedes, que havia sofrido "um furo no pneu ou algo do tipo", mas a equipe respondeu que não havia nada de errado. Quem também teve uma largada ruim foi Max Verstappen, que caiu de quinto para sétimo ao ter sido superado por Norris e Ricciardo. E Kevin Magnussen, da Haas, que já estava no pelotão intermediário, despencou para a última posição.

Hamilton manteve a dianteira na largada do GP da Itália. Já Bottas… (Foto: Mercedes)

Sebastian Vettel, que havia largado em 17º, enfrentava problemas logo no começo e tinha dificuldades para andar até no ritmo da Williams. George Russell lutava por posição com o tetracampeão na reta dos boxes quando a Ferrari SF1000 apresentou problemas nos freios, o que levou Seb a passar reto na chicane da primeira curva. Logo em seguida, o dono do carro #5 recolheu para os boxes e abandonou.

Sebastian Vettel enfrenta problemas nos freios e abandona GP da Itália (Foto: F1/Twitter)

Já Charles Leclerc fazia o que era possível e vinha em 13º, sua posição original de largada. Calvário sem fim para a Ferrari ao longo do seu GP 999 na história na Fórmula 1.

Lá na frente, Hamilton liderava com sobras e 6s3 de frente para Sainz na volta 11. Norris era o terceiro, 0s8 à frente de Pérez. A McLaren colocava seus dois carros em corrida no top-3 pela primeira vez desde o GP da Inglaterra de 2014. Por sua vez, Bottas, em sexto, lutava para se aproximar de Ricciardo e tentar acionar a asa móvel para fazer a ultrapassagem, mas sua performance era irreconhecível.

Alexander Albon fecha Romain Grosjean e é punido no GP da Itália (Foto: Reprodução)

Outro que enfrentava problemas era Alexander Albon. Na zona intermediária da corrida, somente em 14º, o anglo-tailandês foi punido pela direção de prova em 5s por não dar espaço à Haas de Romain Grosjean.

Bottas não conseguia chegar em Ricciardo e voltava a reclamar no rádio. "Não posso correr com essas configurações de motor. É uma piada".

O safety-car foi acionado na volta 20 depois que Magnussen encostou seu carro na área gramada de escape na saída da curva Parabólica. Com a bandeira amarela, a Mercedes de imediato chamou Hamilton para aos boxes para fazer a troca dos pneus macios pelos médios. Só que o pit-lane estava fechado para entrada naquele momento.

O incidente passou a ser investigado pelos comissários, enquanto a direção de prova anunciava que só depois, na volta 23, é que o pit-lane estava aberto. Foi aí que praticamente todos os outros pilotos entraram para fazer suas respectivas paradas.

Naquele momento, mudou tudo em Monza. Hamilton reassumiu a liderança, enquanto Stroll, que não havia feito a parada, estava na segunda posição. Pierre Gasly, já depois de fazer o pit-stop, vinha em terceiro, à frente de Antonio Giovinazzi, que também estava sob investigação, e pasme, Leclerc, que havia feito antes do safety-car seu pit-stop.

Sainz, que chegou até a ocupar a liderança com o pit-stop de Hamilton, despencou para a sétima colocação, que enquanto Norris vinha em oitavo. Prejuízo maior, contudo, sofreu Pérez, que desabou de quarto para 15º.

Na volta 25, quase na primeira metade da corrida, Leclerc sofreu um acidente fortíssimo ao perder o controle da sua Ferrari na saída da curva Parabólica. Por muita, muita sorte, o monegasco não sofreu nenhuma lesão e saiu normalmente do carro. Às 10h54 (de Brasília), a direção de prova teve de acionar a bandeira vermelha para remover o carro e ajustar a barreira de proteção completamente danificada.

Durante a paralisação, a direção de prova anunciou as punições impostas a Hamilton e Giovinazzi: stop-and-go de 10s. Norris também passou a ser investigado depois que os comissários observaram que o piloto entrou lento demais no pit-lane, mas o inglês escapou da punição.

Mudava tudo para a sequência do GP da Itália. Com Hamilton na liderança, mas tendo de pagar a punição durante a corrida, Stroll teria a chance de assumir a ponta. O canadense ainda não tinha feito seu pit-stop, e o regulamento permite que um piloto pode trocar pneus durante a bandeira vermelha.

Às 11h24 (de Brasília), os 17 pilotos que ainda estavam no grid alinhavam para fazer a largada parada, como reza o regulamento. Hamilton partiu lado a lado com Stroll, Gasly era o terceiro, Giovinazzi em quarto, Räikkönen em quinto e Sainz na sexta posição.

Gasly alcançou a impensável liderança do GP da Itália (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

Hamilton arrancou na frente, como é o normal. E Stroll, que mostrava ter até chances de vitória, foi muito mal na segunda largada e caiu para quinto lugar. Na volta 29, o hexacampeão foi aos boxes para cumprir a punição e caiu para 17º e último, partindo assim para fazer o que se desenhava como uma incrível corrida de recuperação. Enquanto isso, acredite, Gasly assumiu a liderança com a AlphaTauri, seguido por Räikkönen e Giovinazzi, que ainda tinha de pagar seu stop-and-go.

Na volta 31, era a vez de uma das estrelas do grid, Verstappen, encerrar sua jornada em Monza, completando o fim de semana mais difícil da temporada. Já a Mercedes buscava se recuperar: Bottas era o sexto e pressionava a McLaren de Norris, enquanto Hamilton vinha em 15º e fazia seguidas voltas mais rápidas para tentar o impossível.

O mundo acompanhava uma corrida com prognóstico completamente imprevisível. Gasly, com a AlphaTauri, liderava na volta 34. Valente, Sainz não desistia e, depois de ultrapassar por fora, na chicane da curva 1, passou um aguerrido Räikkönen para assumir a segunda posição. O 'Homem de Gelo' também não teve ritmo para segurar a 'Mercedes rosa' de Stroll, novo terceiro colocado, sendo superado também por Norris, Bottas e Ricciardo.

Nas voltas seguintes, Sainz reduzia aos poucos a diferença para Gasly, mas o francês se segurava na liderança, enquanto Stroll não parecia ser uma ameaça ao espanhol. Hamilton, em 12º lugar, chegava perto da zona de pontos e tinha à sua frente a Williams de Nicholas Latifi e a Racing Point de Pérez.

Com seis voltas para o fim, Sainz estava 1s5 atrás de Gasly. Com enorme valentia, o piloto da AlphaTauri conseguia se manter na ponta mesmo com enorme pressão sofrida pela McLaren do espanhol. Carlos encurtou muito a vantagem nas duas últimas voltas, conseguiu até acionar o DRS para tentar a ultrapassagem, mas não deu. Pierre Gasly, de forma inacreditável, venceu pela primeira vez na F1.

Reprodução: Terra (Redação do LD)

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