Taxistas de Salvador buscam fidelizar clientes com serviços vip para não abrir espaço para o Uber

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Salvador

23 de dezembro de 2015 às 13h35

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Uma clínica de radiologia, localizada no prédio da Fundação Politécnica, na avenida Sete de Setembro, pegou fogo na manhã desta quarta-feira, 23. Segundo a Superintendência de Telecomunicações das Polícias Civil e Militar (Stelecom), o incêndio, que começou por volta das 7h, causou apenas chamuscamento no estabelecimento mas não atingiu outras lojas.

O Corpo de Bombeiros chegou a ser encaminhado para o local, mas as chamas foram contidas pelos próprios funcionários da clínica, com o auxílio de um extintor. A origem do incêndio está sendo investigada pelos combatentes.

Do lado de fora, parece um táxi comum. Mas basta abrir a porta do Renault Duster que a realidade é outra: oferecer só ar-condicionado ficou no passado. E, antes mesmo que o passageiro entre, a recepção fica por conta de um senhor arrumado, trajando terno, camisa  e sapato social. É o taxista Juarez Souza, 40 anos, há 12 conduzindo passageiros pelas ruas da cidade.

Não é uma limusine, mas é quase isso. A lista de serviços do táxi dele é imensa: tem internet wi-fi, carregador para celular, frigobar com água, refrigerante e suco, balinhas, revista, jornal do dia, televisão de 14 polegadas, DVD player, sistema de som e um “cardápio musical” que vai de Cazuza e Elis Regina a Michael Jackson, Shakira e Guns n’ Roses.

Juarez garante que já roda pela cidade assim há cinco anos, sem cobrar nenhum custo adicional pelos mimos aos clientes. Mas, agora, o taxista tem um objetivo diferente: bater de frente com o Uber, o serviço de motoristas particulares que usa carros de luxo acionados por meio de um aplicativo para smartphones. Apesar de não ter chegado a Salvador ainda, o Uber está em 68 países e já funciona ou funcionou em cidades brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Brindes e discoteca
À noite, se um cliente de Juarez estiver indo a uma festa e já quiser começar o esquenta ali mesmo, dá: o taxista disponibiliza um jogo de luzes e até um globo de discoteca, com trilhas como o duo Daft Punk. Neste fim de ano, fez brindes como kits de unha, com lixa e palitinho.

“Você pode rodar todos os dias, por um mês, pela cidade, mas não vai achar alguém igual ao meu. Pode  ter um item ou outro, mas eu sou o pioneiro”, orgulha-se o taxista. De fato, ontem mesmo, em um evento na orla do Jardim de Alah, a cooperativa à qual ele é credenciado, a Teletaxi, lançou uma categoria especial do serviço de táxi: é a Teletaxi Class.

“Ano que vem tem Jogos Olímpicos aqui e a população já vai ter um serviço diferenciado. O Uber envolve também marca de carro, porque sei que em São Paulo tem BMW, Mercedes-Benz. Pode até assustar algumas pessoas, mas, pelo serviço que a gente tem, não me assusta”, garantiu Juarez.

Para ele, Salvador não tem a cultura de tratar bem os clientes. Mas, em 2016, quer ir além: vai fazer um cadastro dos clientes e, nos aniversários, além de ligar para dar parabéns, vai presenteá-los com uma corrida. “As pessoas já falam para mim, ‘poxa, nunca peguei um carro assim’”.

Sem adicional
O serviço adicional também não será cobrado, segundo o também taxista João Adorno, 27. Há  um mês, ele começou a modificar seu carro. Ao todo, fez um investimento de cerca de R$ 800 – principalmente para a compra de terno, sapatos, calças e camisas sociais.

O restante, como a água, suco e as balinhas, vai  acabar se pagando até com gorjetas. Ele, por outro lado, teme o que  pode acontecer com a chegada do Uber. “É a praga dos taxistas e das empresas de táxi, mas estamos chegando, partindo para cima mesmo. O meu diferencial é o atendimento, o cuidado com o cliente, o sorriso no rosto”, afirmou ele.

Ainda conforme Adorno, tudo que tem colocado no carro “é apenas uma comodidade”, mas a maior bandeira “é o respeito e a simpatia para com o cliente”. Taxista há apenas seis meses, Elmo do Couto, 21, já chegou adaptado. Por ser cadastrado na Elitte Táxi, já trabalha de roupa social e sempre com ar-condicionado. Além disso, desde o início, instalou internet wi-fi, frigobar, carregador de celular.

“A maioria dos clientes tem iPhone, então, já deixo o cabo separado. Tenho também uma bateria extra separada, que pode ficar com eles durante a corrida”, conta. O cliente escolhe a música que vai tocar no carro e, nessa época de Natal, também distribui chicletes e balas, além de café, gengibre, maçã...

Recompensa
Tudo isso, para ele, é uma forma de conquistar o cliente. “Não é menosprezando ninguém, mas tem todo tipo de taxista na rua. Alguns não querem ligar o ar-condicionado, por exemplo”. E o melhor: quando os passageiros gostam, tendem a deixar um agrado extra.

Na última semana, conta Elmo, conduziu uma cliente até um shopping. Ao chegar lá, ela deveria pagar R$ 30. Acabou pagando R$ 50 e saiu elogiando o serviço. O taxista Everaldo Souza, 47, tem feito tanto sucesso com os mimos que tem recebido elogios até de quem vem de cidades onde já tem Uber.

“Outro dia, uma cliente de São Paulo disse que nunca tinha visto internet dentro do táxi e que a minha era muito boa, que tinha dado para baixar um livro”, lembra ele, que trabalha com a Elitte Táxi e com aplicativos como o 99Táxi.

Everaldo acredita que taxistas e motoristas particulares têm públicos diferentes e que há espaço para o Uber. “Mas se amanhã os meus colegas do Uber estiverem ganhando muito mais dinheiro para o Uber, vou para o Uber. Desde que eles paguem os impostos que a gente paga”, delimita.

Mas quem usa só os aplicativos e as tradicionais filas na rua, como o taxista Jerfferson Vilas Boas, 34, também pode oferecer esses diferenciais. O motorista, que trabalha com o EasyTaxi, o 99Táxi e o Wappa, não deixa de ter wi-fi, DVD, vestir roupa social e oferecer bombons aos clientes.

Além disso, trabalha com transporte de cadeirantes. “O Uber não me preocupa. Tudo isso que eles têm no atendimento, a gente pode colocar. Só que ainda falta capacitação para os taxistas”, aponta. O CORREIO enviou perguntas à assessoria do Uber no Brasil, sobre a intenção da empresa em passar a oferecer o serviço na capital baiana, mas até o fechamento desta edição, não houve resposta.

Fonte: Correio24h

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