Empresas negociam comprar 33 milhões de doses de vacina contra Covid-19

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Brasil

26 de janeiro de 2021 às 08h44

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Causou desconforto a divulgação de uma lista de 12 grandes empresas que estariam em tratativas com o Ministério da Saúde para obter o aval para negociar a compra de 33 milhões de vacinas da Universidade de Oxford e do laboratório AstraZeneca.

A lista, que circula desde o fim de semana em grupos de whatsapp com a participação de executivos, traz nomes de companhias que rechaçaram participar do grupo desde o início ou que desistiram de participar da negociação por discordar da premissa que teria sido elaborada pela Gerdau, que segundo executivos ouvidos pelo GLOBO, iniciou as conversas com grandes empresários. A empresa nega ter sugerido retenção de vacinas pela iniciativa privada.

Um executivo da Ambev, por exemplo, afirma que a gigante do setor de bebidas até chegou a ser procurada inicialmente, mas que não manifestou interesse por considerar haver empecilhos para que a iniciativa privada brasileira fizesse a compra direta de vacinas. As conversas iniciais foram incentivadas por executivos da Gerdau e da JBS, segundo esse executivo, mas houve um racha no grupo e até mesmo o frigorífico pulou fora, como antecipou a coluna de Lauro Jardim.

Segundo pessoas que participaram da negociação, uma das preocupações era que a tentativa de criar uma campanha de vacinação própria entre os funcionários poderia gerar críticas entre os consumidores. Um executivo de empresa que figura na lista diz que o motivo da cisão foi uma discordância sobre que destinação dar aos lotes que por ventura fossem adquiridos pelas empresas. De um lado, a Gerdau teria proposto que metade das doses fossem doadas e o restante fosse aplicado nos funcionários das companhias.

A companhia nega o número, diz que nunca aventou reter 50% das doses e que as conversas com empresas e com o governo foram preliminares e não foram lideradas pela empresa. "A Gerdau não se colocou como líder de nenhum movimento de compra de vacinas, embora faça parte de um grupo de empresas que busca uma solução para a vacinação. Essa ação (a compra dos imunizantes) só vai se concretizar se o diálogo entre as empresas e o governo for viável economicamente e acelerar a vacinação no país", disse Pedro Torres, líder corporativo de comunicação da metalúrgica.

A ideia de reter parte das vacinas esteve em discussão, e de acordo com um executivo que participou das tratativas, foram membros do governo federal que sinalizaram os 50% como um piso mínimo de lotes que deveriam ser destinados à rede pública.

A premissa de reter imunizantes teria sofrido resistência maior dos bancos Itaú e Santander, segundo pessoas familiarizadas com as tratativas. Itaú e Santander teriam proposto a doação de toda a compra. Ao final, sem um acordo sobre o tema, Petrobras, Vale, JBS, Bradesco, além dos dois bancos, não toparam o modelo proposto por avaliarem ser uma ideia ruim as empresas ficarem com doses para "furar a fila" da vacinação nacional em um momento de alta de casos e mortes por coronavírus.

Procurada, a Gerdau confirmou em nota que "tem dialogado com tem dialogado com empresas e o poder público com o objetivo de buscar soluções conjuntas de combate à Covid-19 no Brasil", mas afirma que "não lidera nenhum movimento de compra de vacinas". A empresa rebate a ideia de que teria proposto reter metade das doses, volume que "é muito superior ao quadro de funcionários das empresas citadas, o que demonstra que as informações circuladas não procedem."

Em nota, a Vale disse que sua política "é de doação integral de insumos que venham a ser adquiridos para apoiar os esforços oficiais de combate à Covid-19". A mineradora informou que, desde o início da pandemia, "vem oferecendo ajuda humanitária aos governos no Brasil e nos países onde está presente, doando testes rápidos, EPIs para profissionais de saúde, entre outros insumos."

Em nota, O Itaú Unibanco informou que "por meio do Todos pela Saúde, acompanha de perto as discussões sobre a compra de vacinas, que neste momento seguem sendo realizadas na esfera governamental". A instituição financeira disse que a iniciativa "já aportou R$ 100 milhões na construção das fábricas de vacinas da Fiocruz e do Instituto Butantan, além de mais de R$ 1 bi em outras ações de combate à covid-19".

A Dasa, que negocia uma parceria com a americana Covaxx para ter sua própria vacina contra a Covid, negou que esteja participando da compra de vacinas e reiterou que não está liderando, nem participando de nenhuma negociação com a AstraZeneca, nem com outros players de mercado.  "A empresa possui amplo relacionamento com diferentes fornecedores de imunizantes globais e está buscando entender a disponibilidade de comercialização por empresas privadas. A Dasa reforça a importância da ampla cobertura vacinal como a estratégia mais eficiente no enfrentamento da pandemia da Covid-19", disse a empresa em nota.

Fonte: O Globo//LC
 

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