Balconista é espancado, torturado e morre afogado ao fugir de bandidos em Portão

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Salvador

24 de dezembro de 2015 às 16h01

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Jovem estava acompanhado de um amigo. Dupla pegou atalho para fugir de pedágio quando foi parada por homens armados

"Ele colocou o capacete e foi para a morte", diz a aposentada Maria José dos Santos Souza, avó de Demerson dos Santos de Souza. A vida do rapaz, um balconista de 22 anos, terminou de forma trágica após ele se jogar no Rio Joanes, na Região Metropolitana de Salvador.

Demerson, que não sabia nadar, fugia de dois homens que haviam amarrado suas mãos, lhe espancado e torturado o seu amigo William na sua frente. Desapareceu no rio, e só teve o corpo encontrado neste último sábado (19). 

O sofrimento da família dele durou até ontem (23), quando um exame de DNA finalmente confirmou que o corpo resgatado do rio Joanes era do rapaz. 

Nesta quinta-feira (24), véspera de Natal, o corpo de Demerson será sepultado em Acajutiba, no Nordeste da Bahia.

 O amigo da vítima, identificado apenas pelo prenome William, também foi agredido e baleado pelos bandidos, mas sobreviveu para contar a história.

Funcionário de uma panificadora em Camaçari, o balconista estava em casa com a namorada na noite do dia 16 de dezembro quando recebeu uma visita. Um amigo pediu para que Demerson, que tinha tirado a carteira de motorista recentemente, buscasse a sua irmã na Faculdade Metropolitana de Camaçari (Famec).

De acordo com a família da vítima, o jovem tinha uma Pop 100 e concordou em prestar o favor ao amigo. Após deixar a garota em casa, ele topou com um outro amigo, William, que propôs uma viagem até Salvador para visitar umas meninas. A disposição em ajudar não é estranha aos que conheciam Demerson: "Ele não tinha opinião própria. Se chamasse, ele ia para qualquer lugar, mesmo contra a vontade dele", diz o amigo Jadilson Oliveira Reis, 20 anos, auxiliar administrativo.

Sem querer pagar o pedágio, os jovens pegaram um atalho pela Estrada das Cascalheiras e entraram por uma comunidade chamada Cajazeira, que desemboca no bairro de Portão, em Lauro de Freitas. Foi aí que a noite até então calma do balconista de Camaçari começou a desandar. 

Mãos amarradas, unhas arrancadas e uma fuga desesperada
Demerson, com William na garupa, entrou com a moto em uma rua sem saída em Portão. Ao perceber o engano e fazer o retorno, eles foram barrados por dois homens armados. A dupla amarrou as mãos dos amigos e começou uma sessão de espancamento.

Os dois jovens foram agredidos a chutes, socos e pontapés. Algumas das unhas da mão de William também foram arrancadas pelos criminosos. Ele relatou à família e amigos da vítima que só então os bandidos perguntaram onde eles moravam.

Ao ouvir que o balconista e o amigo eram de Camaçari, a dupla acusou os jovens de fazer parte da facção criminosa Caveira, rival da facção Comando da Paz, que comanda o tráfico de drogas no bairro de Portão. Ainda segundo a família da vítima, eles negaram envolvimento com o grupo, mas não adiantou.

Usando o celular de Demerson, a dupla ligou para o líder da área, identificado apenas como Coroa, e relatou a situação. "Depois de torturar, ligaram para o tal Coroa, que mandou matar os dois. Quando Demerson escutou isso, ele conseguiu soltar a corda e correu em direção ao rio. Os bandidos atiraram e ele caiu, mas não se feriu e pulou no rio", relata o amigo Jadilson Reis.

Quando William percebeu a distração, também conseguiu se soltar. Durante a fuga, ele foi baleado na nuca, e a bala ficou alojada atrás da sua orelha. Mesmo ferido, o rapaz escapou e correu até a estação de ônibus de Portão, onde pediu ajuda a um motorista de ônibus e foi socorrido para o Hospital Menandro de Farias.

Investigação
Os dois homens que agrediram e torturam Demerson e William, supostos integrantes da facção Comando da Paz, ainda não foram identificados. O CORREIO entrou em contato com a titular da 4ª Delegacia de Homicídios (DH/Camaçari), a delegada Maria Tereza Santos Silva, buscando mais informações sobre o caso. A titular disse que a responsável pela investigação do crime é a delegada Andrea Arrais, titular da 34ª Delegacia Territorial (Portão), que não foi localizada.

Foto: Reprodução

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