Entenda como vai funcionar a comissão do impeachment de Dilma

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Brasil

17 de março de 2016 às 11h47

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Depois de 24 anos, a história se repete. Agora, com outros protagonistas, novos e velhos personagens e uma trama que, salvo pequenos ajustes narrativos, inclui os mesmos ingredientes: intrigas, traições, operações de bastidor e uma presidente na berlinda. 

Assim como ocorreu com o hoje senador Fernando Collor em 1992, a Câmara dos Deputados iniciou na quinta-feira (17) a contagem regressiva no processo de impeachment contra Dilma Rousseff, ao eleger a comissão especial que vai analisar o pedido de impedimento.

A chapa com os nomes dos 65 integrantes do colegiado foi eleita, por 433 votos a 1, em uma sessão tensa e marcada por bate-bocas e provocações entre parlamentares contra e a favor do processo. Com fitas verdes ou bandeiras do Brasil, deputados da oposição levantaram cartazes vermelhos com a inscrição “Impeachment já”. Já a tropa de choque do PT também levou cartazes com a imagem da presidente e o slogan “Não vai ter golpe”.

Em um dos momentos de maior embate no plenário da Casa, o deputado baiano Daniel Almeida, líder do PCdoB, subiu à tribuna e disparou:  “O golpe não passará”, sob os gritos da bancada oposicionista. “O golpe existe desde 2014, desde o estelionato eleitoral da candidata Dilma Rousseff”, retrucou o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), um dos mais ativos apoiadores do impeachment.

Os integrantes da comissão foram indicados por 24 partidos, sendo que, pelo critério de proporcionalidade, as bancadas mais numerosas, PT e PMDB, tiveram direito à maior quantidade de assentos: oito cada uma. Em tese, os partidos que integram a base aliada ao Planalto garantiram maioria, mas na prática as dissidências nas siglas governistas tendem a equilibrar o jogo. Caso do PMDB, PP, PSD e PR, divididos entre romper ou manter a aliança com o governo. 

Logo após a escolha da comissão, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), manteve a promessa de acelerar o andamento do processo. Considerado pelo Planalto como o maior inimigo do governo petista, Cunha emplacou um aliado, Jovair Arantes (PTB-GO), na relatoria do processo. Ao mesmo tempo, assegurou que a presidência  do colegiado ficasse para um deputado da base com perfil menos governista - Rogério Rosso (DF), líder do PSD na Casa e também próximo a ele.

No início da noite, o primeiro-secretário da Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP), entregou pessoalmente no Planalto a notificação sobre a abertura do processo de impeachment contra Dilma. Com isso, abre-se um prazo de dez sessões para que a presidente entregue sua defesa. No documento entregue por Mansur foi adicionada a delação do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS).

Em meio aos sinais de debandada da base, começaram a pipocar também manifestações de apoio ao impeachment. Cerca de 40 deputados da bancada do agronegócio anunciaram formalmente voto a favor do impedimento de Dilma. O grupo exerce forte influência sobre partidos da base e da oposição. Entre seus integrantes e diretores, há deputados e senadores de nove siglas, incluindo PSD, PMDB e PDT. Em nota, a bancada avisou que vai trabalhar para conseguir os 342 votos necessários contra a petista.

Ciente dos riscos, o ex-presidente Lula deixou a cerimônia de posse na Casa Civil e iniciou uma operação para assegurar apoio de deputados e senadores da base.  De acordo com a Folha de S.Paulo, Lula passou a tarde em conversas por telefone com parlamentares. 

O foco são aliados que tendem a deixar a base. Por outro lado, a bancada de oposição anunciou que vai se organizar em rodízio para dar quórum na Câmara às sextas e segundas-feiras, com objetivo de acelerar o processo. Tudo para garantir que o roteiro do impeachment de Dilma tenha o mesmo final que o de Collor.

Reprodução/Correio24h

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