Presente na sa&iacute;da do bloco Olodum, nesta sexta-feira (9), no Pelourinho, o <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/tags/silvio%20almeida" target="_blank">ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida</a>, avaliou o cen&aacute;rio pol&iacute;tico de Salvador quanto &agrave; representatividade de candidatos negros para ocupar o cargo de prefeito. Considerada a cidade mais negra fora das &Aacute;frica, a capital baiana nunca elegeu prefeitos que se autodeclaram pretos. Para as elei&ccedil;&otilde;es deste ano, o atual prefeito Bruno Reis (Uni&atilde;o Brasil), que deve disputar a reelei&ccedil;&atilde;o, e o vice-governador Geraldo J&uacute;nior (MDB), pr&eacute;-candidatos que aparecem com melhor pontua&ccedil;&atilde;o nas pesquisas, s&atilde;o brancos.

Para o ministro, embora a representatividade seja importante, outros pontos tamb&eacute;m&nbsp;devem ser levados em considera&ccedil;&atilde;o. &quot;A quest&atilde;o da representatividade &eacute; importante, mas al&eacute;m da representatividade voc&ecirc; tem que ter o compromisso com as grandes causas do nosso tempo. Uma dessas causas &eacute; a quest&atilde;o da igualdade racial, da luta por um pa&iacute;s mais justo, por um pa&iacute;s mais digno. A representatividade por si s&oacute;, embora seja importante, n&atilde;o &eacute; fundamental. Fundamental &eacute; o compromisso com o fim do racismo e todas as sua consequ&ecirc;ncias culturais como a pobreza, viol&ecirc;ncia. &Eacute; isso que importa pra gente e o que est&aacute; no centro do nosso debate&quot;, afirmou Silvio Almeida em entrevista ao Portal Salvador FM.

Durante passagem por Salvador nesta sexta de Carnaval, o ministro tamb&eacute;m acompanhou a &#39;Pipoca&#39; do cantor Saulo Fernandes e deu in&iacute;cio &agrave;s a&ccedil;&otilde;es da campanha &ldquo;Bloco do Disque 100 &ndash; Respeito, Cuidado e Divers&atilde;o na Avenida&rdquo;.&nbsp;

O Banco do Brasil (BB) pediu, na manh&atilde; de s&aacute;bado (18), perd&atilde;o ao povo negro pelas gest&otilde;es anteriores da institui&ccedil;&atilde;o por participa&ccedil;&atilde;o no processo de escravid&atilde;o de pessoas negras, durante o s&eacute;culo XIX, no pa&iacute;s. O pedido de perd&atilde;o da atual gest&atilde;o foi divulgado, hoje, <a href="https://www.bb.com.br/pbb/pagina-inicial/imprensa/n/67706/bb-anuncia-acoes-para-promover-a-igualdade-etnico-racial-e-combater-o-racismo-estrutural-no-pais#/">no site da empresa</a>.

O banco fundado em 1808, tem, pela primeira vez, uma mulher negra em sua presid&ecirc;ncia, a funcion&aacute;ria de carreira Tarciana Medeiros. Na nota, a presidente do Banco do Brasil diz que &ldquo;direta ou indiretamente, toda a sociedade brasileira deveria pedir desculpas ao povo negro por algum tipo de participa&ccedil;&atilde;o naquele momento triste da hist&oacute;ria [escravid&atilde;o].&rdquo;&nbsp;

&ldquo;Neste contexto, o Banco do Brasil de hoje pede perd&atilde;o ao povo negro pelas suas vers&otilde;es predecessoras e trabalha intensamente para enfrentar o racismo estrutural no pa&iacute;s. O BB n&atilde;o se furta a aprofundar o conhecimento e encarar a real hist&oacute;ria das vers&otilde;es anteriores da empresa&rdquo; afirmou a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros.

Em setembro, o Minist&eacute;rio P&uacute;blico Federal instaurou inqu&eacute;rito para investigar a rela&ccedil;&atilde;o entre a institui&ccedil;&atilde;o e o tr&aacute;fico de pessoas negras escravizadas no s&eacute;culo XIX. O &oacute;rg&atilde;o pediu, na ocasi&atilde;o, um posicionamento do banco a respeito do assunto.

Dados apontados por historiadores indicam que a institui&ccedil;&atilde;o se valeu de recursos como a arrecada&ccedil;&atilde;o de impostos sobre embarca&ccedil;&otilde;es dedicadas ao tr&aacute;fico de pessoas escravizadas e destacam que o capital para a forma&ccedil;&atilde;o do banco provinha da economia da &eacute;poca, que tinha na escravid&atilde;o e no com&eacute;rcio negreiro um papel central.

J&aacute; em novembro, o Banco do Brasil recebeu um estudo que indicou envolvimento da empresa no com&eacute;rcio de negros escravizados durante o s&eacute;culo XIX. O documento elaborado por 14 pesquisadores de universidades brasileiras e americanas faz parte do inqu&eacute;rito do Minist&eacute;rio P&uacute;blico.

Os pesquisadores apontaram haver &ldquo;v&iacute;nculos diretos entre traficantes e o capital diretamente investido em a&ccedil;&otilde;es do Banco do Brasil&rdquo;. Al&eacute;m disso, acrescentaram que &ldquo;a institui&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m se favoreceu da din&acirc;mica de circula&ccedil;&atilde;o de cr&eacute;dito lastreada na propriedade escrava que imperou ao longo de toda a primeira metade do s&eacute;culo XIX&rdquo;.

O pedido de perd&atilde;o do Banco do Banco ocorre junto com o an&uacute;ncio da ado&ccedil;&atilde;o de um conjunto de novas medidas, que, de acordo com a institui&ccedil;&atilde;o, tem o objetivo de promover a igualdade e a inclus&atilde;o &eacute;tnico-racial e de combater o racismo estrutural no pa&iacute;s. O BB que espera que as novas medidas impactem positivamente na rela&ccedil;&atilde;o com clientes, funcion&aacute;rios, fornecedores, demais parceiros estrat&eacute;gicos da empresa e toda a sociedade.

A empresa considera que a diversidade em sua base e que a mesma tem elevado potencial de inclus&atilde;o financeira e gera&ccedil;&atilde;o de trabalho e renda, tamb&eacute;m para pretos e pardos. &ldquo;O simples fato de sermos uma institui&ccedil;&atilde;o da atualidade nos move a realizar atividades volunt&aacute;rias com o compromisso p&uacute;blico e com metas concretas para combater a desigualdade &eacute;tnico-racial e buscar por justi&ccedil;a social no &acirc;mbito de uma sociedade que guarda sequelas da escravid&atilde;o, independentemente de existir ou n&atilde;o qualquer conex&atilde;o, ainda que indireta, entre atividades de suas outras vers&otilde;es e escravizadores do s&eacute;culo XIX&rdquo;, enfatizou Tarciana Medeiros.

Para a presidente do Banco do Brasil, boas pr&aacute;ticas podem ser constru&iacute;das de forma articulada com di&aacute;logo aberto com movimentos negros e outras institui&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas e privadas. &ldquo;As sequelas da escravatura convocam todos os atores sociais contempor&acirc;neos a agir para a promo&ccedil;&atilde;o da igualdade &eacute;tnico-racial, a contribuir por meio de a&ccedil;&otilde;es concretas, como as que o BB j&aacute; desenvolve de modo pioneiro, volunt&aacute;rio e destacado.

O Banco do Brasil fez, faz a far&aacute; muito pela diversidade e desenvolvimento social e econ&ocirc;mico em nossa sociedade. Para n&oacute;s, Ra&ccedil;a &eacute; prioridade, sim!&rdquo;, enfatiza Tarciana

O Banco do Brasil, constitu&iacute;do na forma de sociedade de economia mista, conta com a participa&ccedil;&atilde;o acion&aacute;ria do governo federal em 50% desta sociedade an&ocirc;nima. Por isso, o BB &eacute; considerado um dos cinco bancos p&uacute;blicos federais, ao lado da Caixa Econ&ocirc;mica Federal, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ&ocirc;mico e Social (BNDES), Banco da Amaz&ocirc;nia (Basa) e o Banco do Nordeste (BNB).

A&ccedil;&otilde;es

Entre as a&ccedil;&otilde;es anunciadas pelo Banco do Brasil para a promo&ccedil;&atilde;o de inclus&atilde;o racial e do combate ao racismo estrutural no pa&iacute;s, est&atilde;o:

- Fomento ao mercado de trabalho para o povo negro, com a inclus&atilde;o de uma cl&aacute;usula nos contratos com fornecedores do Banco do Brasil, a partir de novas licita&ccedil;&otilde;es, que promova a diversidade, equidade e inclus&atilde;o nos quadros de pessoal dessas empresas;

- O Banco do Brasil tamb&eacute;m far&aacute; parceria para encaminhar jovens que participaram do programa Menor Aprendiz do BB para o mercado de trabalho;

- Lan&ccedil;amento neste m&ecirc;s do edital de Empoderamento Socioecon&ocirc;mico de Mulheres Negras, do entre o BB e o Minist&eacute;rio da Igualdade Racial, para apoiar o fortalecimento institucional de organiza&ccedil;&otilde;es sociais e empreendimentos econ&ocirc;micos solid&aacute;rios urbanos e rurais de mulheres negras;

- Realiza&ccedil;&atilde;o em dezembro pr&oacute;ximo do &ldquo;MBM Inovahack&rdquo;, do Movimento Black Money, com a participa&ccedil;&atilde;o do Banco do Brasil, com o objetivo de promover a inclus&atilde;o financeira e econ&ocirc;mica da popula&ccedil;&atilde;o negra, por meio de solu&ccedil;&otilde;es tecnol&oacute;gicas consideradas inovadoras;

- Internamente, o programa &quot;Ra&ccedil;a &eacute; Prioridade&quot; da empresa vai selecionar e desenvolver a carreira de at&eacute; 150 funcion&aacute;rios pretos e pardos do Banco do Brasil, com potencial para atuar como l&iacute;deres na empresa, mas, que atualmente ocupam outras fun&ccedil;&otilde;es;

- Realiza&ccedil;&atilde;o de um workshop sobre a promo&ccedil;&atilde;o da diversidade, equidade e inclus&atilde;o com estatais e fornecedores do banco.

Para acompanhar as novas medidas anunciadas, o Banco do Brasil criou um site que trata da constru&ccedil;&atilde;o de um futuro mais diverso, &nbsp;inclusivo, equitativo e justo, em todos os contextos e para todos. A p&aacute;gina eletr&ocirc;nica trar&aacute; atualiza&ccedil;&otilde;es de novas medidas que possam ser anunciadas pelo banco.

A pesquisa &quot;Pele Alvo: a Bala n&atilde;o Erra o Negro&quot;,&nbsp;da Rede de Observat&oacute;rios da Seguran&ccedil;a, divulgada nesta quinta-feira (16), aponta que a Bahia foi o estado que mais registrou mortes em a&ccedil;&otilde;es de agentes das for&ccedil;as de seguran&ccedil;a em 2022.&nbsp;

O dado &eacute; comparado com outros sete estados: Cear&aacute;, Maranh&atilde;o, Par&aacute;, Pernambuco, Piau&iacute;, Rio de Janeiro e S&atilde;o Paulo. <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/123392,a-cada-100-mortos-pela-policia-em-2022-65-eram-negros-mostra-estudo">De acordo com o levantamento</a>, quatro pessoas s&atilde;o mortas pela pol&iacute;cia no estado a cada 24 horas.&nbsp;

Ainda conforme a pesquisa, no ano passado houve um aumento de 300% de &oacute;bitos (1.465) em a&ccedil;&otilde;es policiais, em compara&ccedil;&atilde;o com 2015 (354). Na maioria dos casos as v&iacute;timas s&atilde;o negras. A faixa et&aacute;ria est&aacute; entre 18 e 29 anos.

Os dados ser&atilde;o discutidos pela Rede de Observat&oacute;rios nesta quinta-feira, em uma mesa de debate &agrave;s 14h, no Audit&oacute;rio Milton Santos do Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (Ceao/UFBA).

A Secretaria de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica da Bahia n&atilde;o comentou o levantamento divulgado. 
&nbsp;

&nbsp;

Mais da metade da popula&ccedil;&atilde;o do pa&iacute;s &eacute; negra, um universo formado por pessoas pretas e pardas, segundo classifica&ccedil;&atilde;o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat&iacute;stica. O grupo responde por 55,7% dos brasileiros. No entanto, quando um negro entra para o servi&ccedil;o p&uacute;blico, ele enfrenta uma invers&atilde;o. Passa a ser minoria no conjunto de servidores. Al&eacute;m disso, tem sal&aacute;rio menor que o de pessoas brancas. &nbsp;

O cen&aacute;rio &eacute; revelado em levantamento feito pela organiza&ccedil;&atilde;o n&atilde;o governamental (ONG) Rep&uacute;blica.org, dedicada a melhorar a gest&atilde;o de pessoas no servi&ccedil;o p&uacute;blico. O estudo mostra que os negros s&atilde;o apenas 35,09% dos servidores p&uacute;blicos ativos do executivo federal, de acordo com dados do Sistema Integrado de Administra&ccedil;&atilde;o de Pessoal (Siape) de 2020. &nbsp;

&ldquo;Por mais que tenhamos uma entrada no servi&ccedil;o p&uacute;blico baseada em valores como o m&eacute;rito e a isonomia, ao olharmos para o retrato pol&iacute;tico-social da sociedade brasileira, temos uma extrema desigualdade de acesso entre pessoas negras e ind&iacute;genas em rela&ccedil;&atilde;o a pessoas brancas, o que se reflete em quem &eacute; selecionado no concurso p&uacute;blico&rdquo;, disse &agrave; Ag&ecirc;ncia Brasil Vanessa Campagnac, gerente de Dados e Comunica&ccedil;&atilde;o da Rep&uacute;blica.org. &nbsp;

Carreiras&nbsp;

A baixa representatividade dos negros se agrava &agrave; medida que aumentam a import&acirc;ncia e a remunera&ccedil;&atilde;o do posto na administra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica. Ao se analisar o cargo mais elevado na hierarquia do servi&ccedil;o p&uacute;blico no executivo federal, o de dire&ccedil;&atilde;o e assessoramento superior de n&iacute;vel 6 (DAS-6), apenas 35 dos 240 postos eram ocupados por pretos e pardos, ou seja, 14,58%.&nbsp;

&ldquo;Os cargos de livre nomea&ccedil;&atilde;o [caso dos DAS-6] demandam uma forte rede de contato, que &eacute; constru&iacute;da pelas rela&ccedil;&otilde;es sociais que esses indiv&iacute;duos estabelecem ao longo da vida. Na constru&ccedil;&atilde;o hist&oacute;rico-social do nosso pa&iacute;s, pessoas brancas foram mais beneficiadas por essas redes, enquanto pessoas negras e ind&iacute;genas tiveram o acesso restringido nesses espa&ccedil;os de poder&rdquo;, explica Vanessa.&nbsp;

Outro recorte que aprofunda a disparidade entre brancos e negros est&aacute; nas carreiras de estado, como diplomatas, e de gest&atilde;o, como analistas de planejamento e or&ccedil;amento, auditores e especialistas. Os brancos ocupam 73%, enquanto pretos e pardos ficam com 23,72%.&nbsp;

A gerente da Rep&uacute;blica.org acredita que a baixa presen&ccedil;a de negros nessas carreiras se d&aacute; pela complexidade dos concursos. &ldquo;Costumam ter um maior n&uacute;mero de fases e contam com cl&aacute;usulas de barreiras que criam v&aacute;rios obst&aacute;culos a serem percorridos&rdquo;. Ela cita custos como aquisi&ccedil;&atilde;o de material de estudo e deslocamento, que incluem viagens em alguns casos. &nbsp;

&ldquo;Tamb&eacute;m existem os custos n&atilde;o monet&aacute;rios, como a disponibilidade de tempo dedicado a essa prepara&ccedil;&atilde;o, j&aacute; que pessoas negras normalmente t&ecirc;m menos condi&ccedil;&otilde;es de deixarem de trabalhar para se dedicarem integralmente aos estudos&rdquo;, completa.&nbsp;

Mulheres negras&nbsp;

A baixa representatividade de negros &eacute; acentuada por um outro problema, a desigualdade de g&ecirc;nero, que fica expl&iacute;cita quando se compara o rendimento de homens brancos e mulheres negras no servi&ccedil;o p&uacute;blico. A remunera&ccedil;&atilde;o l&iacute;quida m&eacute;dia do primeiro grupo &eacute; de R$ 8.774,20 por m&ecirc;s, enquanto as negras recebem m&eacute;dia de R$ 5.815,50 mensalmente. Isso representa para elas um sal&aacute;rio 33% menor.&nbsp;

Para Vanessa Campagnac, a desigualdade de remunera&ccedil;&atilde;o &eacute; explicada, sobretudo, &ldquo;pela concentra&ccedil;&atilde;o de pessoas negras em posi&ccedil;&otilde;es com pior remunera&ccedil;&atilde;o e a sua baixa presen&ccedil;a em cargos de lideran&ccedil;a e carreiras com maior prest&iacute;gio e valoriza&ccedil;&atilde;o&rdquo;. &nbsp;

Lei de Cotas&nbsp;

A disparidade entre negros e brancos poderia ser pior n&atilde;o fosse a Lei de Cotas (Lei 12.990, de 9 de junho de 2014), que reserva 20% das vagas em concursos p&uacute;blicos da Uni&atilde;o para pretos e pardos. No ano 2000, para cada 100 novos servidores do executivo federal, 17 eram negros. Em 2020, essa rela&ccedil;&atilde;o saltou para 43 em 100 novos aprovados.&nbsp;

O levantamento da Rep&uacute;blica.org aponta que, em 2008, seis anos antes do in&iacute;cio da vig&ecirc;ncia da Lei de Cotas, 29% das pessoas que ingressaram no servi&ccedil;o p&uacute;blico federal eram negras. Em 2020, esse percentual estava em 43%.&nbsp;

De acordo com a ONG, os efeitos de a&ccedil;&atilde;o afirmativa da Lei 12.990 foram prejudicados por causa da redu&ccedil;&atilde;o na quantidade de concursos p&uacute;blicos nos &uacute;ltimos anos. Se em 2014, ano em que a lei passou a vigorar, foram 279 concursos para preenchimento de 27 mil vagas, em 2020 foram apenas tr&ecirc;s, para 659 cargos. &nbsp;

Renova&ccedil;&atilde;o da lei&nbsp;

A Lei de Cotas tem vig&ecirc;ncia de dez anos a contar de 2014. Mas h&aacute; iniciativas para que seja prorrogada. Uma delas &eacute; o Projeto de Lei 1.958, de 2021, de autoria do senador Paulo Paim (PT/RS), que tramita no Senado e mant&eacute;m a reserva de 20% por mais dez anos. &nbsp;

Na justificativa do projeto, o senador aponta que a lei de cotas deve ser entendida como necess&aacute;ria at&eacute; quando &ldquo;o n&uacute;mero de pretos e pardos na administra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica federal corresponder ao percentual desse segmento na popula&ccedil;&atilde;o total do pa&iacute;s&rdquo;. O projeto est&aacute; na Comiss&atilde;o de Direitos Humanos e Legisla&ccedil;&atilde;o Participativa. &nbsp;

Dentro do governo, al&eacute;m de interesse na prorroga&ccedil;&atilde;o da lei, h&aacute; um movimento para aumentar a faixa de reserva de 20% para 30%. A proposta foi constru&iacute;da pelos minist&eacute;rios da Igualdade Racial, da Gest&atilde;o e da Inova&ccedil;&atilde;o em Servi&ccedil;os P&uacute;blicos, e da Justi&ccedil;a e Seguran&ccedil;a P&uacute;blica.&nbsp;

Na avalia&ccedil;&atilde;o de M&aacute;rcia Lima, secret&aacute;ria de Pol&iacute;ticas de A&ccedil;&otilde;es Afirmativas, Combate e Supera&ccedil;&atilde;o do Racismo, do Minist&eacute;rio da Igualdade Racial, a Lei de Cotas &ldquo;garantiu que nos &uacute;ltimos anos mais pessoas negras se tornassem servidoras p&uacute;blicas efetivas, resultado positivo da pol&iacute;tica. Por&eacute;m, devido &agrave;s hist&oacute;ricas desigualdades, esse crescimento ainda n&atilde;o foi suficiente&rdquo;. &nbsp;

A secret&aacute;ria defende que &ldquo;para garantirmos uma maior equidade racial, precisamos manter a pol&iacute;tica de cotas raciais nas carreiras do servi&ccedil;o p&uacute;blico federal&rdquo;.&nbsp;

A representante do minist&eacute;rio ressalta ainda que &ldquo;&eacute; importante para a constru&ccedil;&atilde;o das pol&iacute;ticas p&uacute;blicas, para o oferecimento dos servi&ccedil;os p&uacute;blicos e para a implementa&ccedil;&atilde;o dos programas que pessoas negras estejam presentes, envolvidas e trabalhando. As cotas no servi&ccedil;o p&uacute;blico promovem a igualdade&quot;. &nbsp;

Comissionados&nbsp;

Outra medida para diminuir a desigualdade dentro do servi&ccedil;o p&uacute;blico &eacute; o decreto assinado pelo presidente Luiz In&aacute;cio Lula da Silva, em mar&ccedil;o deste ano, que reserva 30% dos cargos de confian&ccedil;a na administra&ccedil;&atilde;o direta, autarquias e funda&ccedil;&otilde;es para pessoas negras. &nbsp;

As cotas s&atilde;o para os Cargos Comissionados Executivos (CCE), de livre nomea&ccedil;&atilde;o, e as Fun&ccedil;&otilde;es Comissionadas Executivas (FCE), tamb&eacute;m de livre nomea&ccedil;&atilde;o, mas exclusivas para servidores concursados. A norma tamb&eacute;m determina a observa&ccedil;&atilde;o da paridade de g&ecirc;nero na ocupa&ccedil;&atilde;o desses cargos.&nbsp;

Vanessa Campagnac observa que a implementa&ccedil;&atilde;o de a&ccedil;&otilde;es afirmativas nos cargos comissionados &eacute; fundamental para combater distor&ccedil;&otilde;es. Ela acredita que possa ocorrer um efeito multiplicador, uma vez que &ldquo;pessoas negras em cargos de decis&atilde;o podem atrair, de forma org&acirc;nica, mais pessoas negras para essas posi&ccedil;&otilde;es, pois h&aacute;, assim, a constru&ccedil;&atilde;o de redes de contato mais diversas&rdquo;.&nbsp;

A Lei de Cotas &eacute; espec&iacute;fica para o executivo federal, n&atilde;o se aplicando aos Poderes Judici&aacute;rio e Legislativo, nem para estados e munic&iacute;pios. Um levantamento da Faculdade Latino-Americana de Ci&ecirc;ncias Sociais disponibilizado pela Rep&uacute;blica.org aponta que pelo menos 20 unidades da federa&ccedil;&atilde;o tinham algum tipo de reserva de vagas para negros.&nbsp;

Al&eacute;m da manuten&ccedil;&atilde;o de cotas em concursos, a gerente da Rep&uacute;blica.org sugere outras formas de apoio &agrave; popula&ccedil;&atilde;o negra. &ldquo;Uma ajuda de custos para prepara&ccedil;&atilde;o de concursos e deslocamento, ou investimento em preparat&oacute;rios destinado a pessoas negras poderiam acelerar a redu&ccedil;&atilde;o dessa desigualdade&rdquo;, diz.&nbsp;

Com 56,1% dos habitantes que se autodeclaram negros [IGBE, 2022], o Brasil est&aacute; envolvido por um processo de consci&ecirc;ncia e luta por igualdade racial que, ainda lento, tem evolu&iacute;do nos &uacute;ltimos anos. Acompanhando a tend&ecirc;ncia, a <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/115258,regina-case-desabafa-sobre-preconceito-durante-esquenta-ruim-pra-caramba">TV Globo</a> tem deixado de lado o padr&atilde;o branco que foi adotado desde a sua funda&ccedil;&atilde;o, em 1965. No momento, um passo importante foi dado, mudando a hist&oacute;ria da emissora que, pela primeira vez, tem protagonistas negros em todas as novelas in&eacute;ditas.

Ainda nas produ&ccedil;&otilde;es atuais, os atores brancos ocupam majoritariamente o espa&ccedil;o, no entanto, analisando o hist&oacute;rico da emissora at&eacute; 2021, a escassez de artistas negros era gritante e, quando solicitados, ocupavam apenas pap&eacute;is de traficantes, escravizados, empregadas dom&eacute;sticas e secret&aacute;rias.&nbsp;

O protagonismo em uma novela, ent&atilde;o, n&atilde;o era sequer cogitado. H&aacute; dois anos, apenas sete pessoas haviam obtido o &ecirc;xito, a primeira delas <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/5590,tais-araujo-vai-a-delegacia-apos-sofrer-racismo-meu-caso-nao-e-isolado">Ta&iacute;s Ara&uacute;jo,</a> em 2004, quando interpretou Preta na novela Da Cor do Pecado. A mudan&ccedil;a de cen&aacute;rio &eacute; percebida no momento em que s&oacute; as novelas reprisadas - Chocolate com Pimenta e O Rei do Gado - t&ecirc;m apenas protagonistas brancos.&nbsp;

<img alt="" src="https://api.radiosalvadorfm.com.br/fotos/gcma_noticias/115557/mg/foto-programa-da-cor-do-pecado-preta-tais-araujo-paco-reynaldo-gianecchini.jpg" style="width: 400px; height: 225px;" />

A reformula&ccedil;&atilde;o come&ccedil;ou em maio de 2022, com a novela Cara e Coragem, onde mais uma vez Ta&iacute;s Ara&uacute;jo fez hist&oacute;ria e deu vida &agrave;s s&oacute;cias Anita e Clarice. Em outubro, Travessia foi lan&ccedil;ada em hor&aacute;rio nobre com a hist&oacute;ria de Brisa, interpretada por <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/100841,dengo-meu-musica-de-claudia-leitte-juliette-e-lucy-alves-tem-streams-removidos-do-spotify">Lucy Alves</a>. Al&eacute;m dela, o elenco contou com pelo menos 12 outros atores negros, ocupando inclusive pap&eacute;is de destaque a exemplo de <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/115366,indira-nascimento-comemora-ascensao-de-atores-negros-em-novelas-sempre-foi-o-desejo">Indira Nacimento</a>, que interpretou uma advogada de classe m&eacute;dia alta.

Apenas nos primeiros cinco meses de 2023, a emissora j&aacute; estreou outras tr&ecirc;s novelas e ambas acompanham a mesma tend&ecirc;ncia. Lan&ccedil;ada em janeiro, Vai Na F&eacute; traz o primeiro protagonismo de <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/105633,netflix-cancela-maldivas-apos-primeira-temporada">Sheron Menezes</a> - int&eacute;rprete de Sol - em 25 anos de carreira. Na trama, dos 24 personagens, a metade deles s&atilde;o negros, fato in&eacute;dito no Plim Plim.

Em mar&ccedil;o, a nova novela das seis, Amor Perfeito, tamb&eacute;m chegou com a metade dos personagens negros. S&atilde;o 16, o maior n&uacute;mero at&eacute; o momento. Entre eles est&aacute; o protagonista Diogo Almeida, que vive o m&eacute;dico Orlando.

Com o fim de Travessia e o lan&ccedil;amento de Terra e Paix&atilde;o, na &uacute;ltima segunda-feira (8), pela primeira vez uma protagonista negra passou o bast&atilde;o para outra. No lugar de Lucy, B&aacute;rbara Reis estreia em hor&aacute;rio nobre dando vida a Aline. A trama conta ainda oito negros, al&eacute;m de tr&ecirc;s ind&iacute;genas.

A mudan&ccedil;a &eacute; notada ainda na Globoplay. Apostando em novelas para o streaming, a emissora j&aacute; iniciou as grava&ccedil;&otilde;es de &nbsp;&quot;Guerreiros do Sol&quot;, prevista para estrear em 2024. &nbsp;A trama ser&aacute; protagonizada por Thom&aacute;s Aquino.

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AL&Eacute;M DA&nbsp;FIC&Ccedil;&Atilde;O

A mudan&ccedil;a pode ser percebida tamb&eacute;m em outros segmentos da emissora. H&aacute; um ano, em abril de 2022, dois jornalistas negros - Heraldo Pereira e Aline Midlej- ocuparam a bancada do Jornal Nacional pela primeira vez. Atualmente, nos programas apresentados pela emissora est&atilde;o Manoel Soares, Rita Batista e Maju Coutinho. Vale pontuar tamb&eacute;m Iza, Mumuzinho e Carlinhos Brown que comp&otilde;em a bancada inteiramente preta de jurados do The Voice. Se somado, o n&uacute;mero ainda &eacute; pequeno, comparado aos apresentadores brancos.

Vale pontuar tamb&eacute;m a edi&ccedil;&atilde;o 23 no Big Brother Brasil, que teve o maior n&uacute;mero de negros da hist&oacute;ria com 11 participantes, metade do elenco. At&eacute; a edi&ccedil;&atilde;o de 2018, o m&aacute;ximo de participantes negros confinados havia sido tr&ecirc;s.

A mudan&ccedil;a pode ser notada inclusive no feed no Instagram da emissora. O primeiro print cont&eacute;m publica&ccedil;&otilde;es de maio de 2023, j&aacute; o segundo, de fevereiro de 2022.

Compare:

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<img alt="" src="https://api.radiosalvadorfm.com.br/fotos/gcma_noticias/115557/mg/WhatsApp Image 2023-05-10 at 08.14.30..jpg" style="width: 400px; height: 800px;" />

Um coletivo baiano formado por advogados e advogadas negras visa oferecer acolhimento e oportunidade para profissionais e estudantes, al&eacute;m de facilitar o acesso da popula&ccedil;&atilde;o &agrave; Justi&ccedil;a. Com a iniciativa, o grupo Black Ordem defende a constru&ccedil;&atilde;o de uma esp&eacute;cie de &#39;quilombo jur&iacute;dico&#39;.

A primeira reuni&atilde;o geral do coletivo foi realizada na sexta-feira (28), no escrit&oacute;rio localizado&nbsp;no Centro de Salvador. O encontro de juristas e estudantes foi marcado por apresenta&ccedil;&atilde;o de propostas para pol&iacute;ticas p&uacute;blicas antirracistas e de igualdade de g&ecirc;nero.

Segundo o presidente do coletivo, o advogado J&uacute;lio Vilela, &eacute; preciso aproveitar a posi&ccedil;&atilde;o de profissionais do Direito para agir em prol das pautas raciais.

&quot;O encontro foi muito produtivo e aponta o quanto se faz necess&aacute;rio a constru&ccedil;&atilde;o de iniciativas como essa, diante de um mercado e sistema de justi&ccedil;a ainda bastante excludentes e arraigados pelo racismo estrutural. O aquilombamento jur&iacute;dico se faz necess&aacute;rio para modificar o sistema judici&aacute;rio racista&quot;, afirma&nbsp;Vilela.

Uma das primeiras iniciativas do grupo ser&aacute; pleitear&nbsp;a realiza&ccedil;&atilde;o de um&nbsp;censo racial na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), com o objetivo de tra&ccedil;ar o&nbsp;perfil socioecon&ocirc;mico e racial dos advogados e advogadas. &quot;Vivemos novos tempos e afirmamos que seguiremos na luta por transforma&ccedil;&atilde;o do sistema de Justi&ccedil;a a partir de uma perspectiva plural&quot;, conclui o presidente da entidade.

<a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/113273,governo-lula-e-avaliado-como-otimo-ou-bom-por-41percent-dos-brasileiros-diz-ipec">O presidente Luiz In&aacute;cio Lula da Silva</a> editou, nesta semana, um decreto que determina que no m&iacute;nimo 30% dos cargos e fun&ccedil;&otilde;es de confian&ccedil;a do governo federal sejam ocupados por pessoas negras.

O decreto n&ordm; 11.443 estabelece que pelo menos 30% dos chamados &lsquo;cargos e fun&ccedil;&otilde;es comissionadas&rsquo; nos &oacute;rg&atilde;os e entidades da administra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica federal sejam ocupados por pessoas negras at&eacute; 31 de dezembro de 2025.

Os cargos e fun&ccedil;&otilde;es incluem, por exemplo, todos os minist&eacute;rios da Esplanada. Nas siglas oficiais, s&atilde;o os CCE (Cargos Comissionados Executivos) e FCE (Fun&ccedil;&otilde;es Comissionadas Executivas).

Metas intermedi&aacute;rias ser&atilde;o estabelecidas pelos Minist&eacute;rios da Igualdade Racial e da Gest&atilde;o e da Inova&ccedil;&atilde;o em Servi&ccedil;os P&uacute;blicos. As duas pastas ainda definir&atilde;o um percentual m&iacute;nimo de mulheres.

A nova regra foi anunciada em uma cerim&ocirc;nia no Pal&aacute;cio do Planalto na ter&ccedil;a-feira (21) &ndash; Dia Internacional da Luta pela Elimina&ccedil;&atilde;o da Discrimina&ccedil;&atilde;o Racial - e faz parte de um pacote de medidas para o <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/112290,baiano-e-nomeado-para-cargo-de-direcao-no-ministerio-da-igualdade-racial">combate da desigualdade racial, capitaneado pelo Minist&eacute;rio da Igualdade Racial.</a>

O presidente Luiz In&aacute;cio Lula da Silva (PT) deu uma declara&ccedil;&atilde;o que causou controv&eacute;rsia durante um evento com lideran&ccedil;as ind&iacute;genas em Roraima, nesta segunda-feiera (13), ao abordar a quest&atilde;o da escravid&atilde;o no pa&iacute;s (veja v&iacute;deo abaixo).

Em discurso durante a 52&ordf; Assembleia Geral dos Povos Ind&iacute;genas, na Terra Ind&iacute;gena Raposa Serra do Sol, o petista disse que o evento &quot;causou uma coisa boa, que foi a mistura, a miscigena&ccedil;&atilde;o&quot;.

&quot;Olha, toda a desgra&ccedil;a que isso causou ao pa&iacute;s, causou uma coisa boa, que foi a mistura, a miscigena&ccedil;&atilde;o. A mistura entre ind&iacute;genas, negros e europeus, que permitiu que nascesse essa gente bonita que gosta de m&uacute;sica, que gosta de dan&ccedil;a, de festa, de respeito, mas que gosta de trabalhar para sustentar a sua fam&iacute;lia&quot;, disse o presidente.

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Ministra da Cultura do Brasil, <a href="https://www.portalsalvadorfm.com.br/noticias/tags/margareth%20menezes" target="_blank">Margareth Menezes</a> anunciou ontem tr&ecirc;s nomes para integrar a diretoria do Instituto do Patrim&ocirc;nio Hist&oacute;rico e Art&iacute;stico Nacional (Iphan). Os escolhidos foram Leonardo Grass, Andrei Rosenthal Schleed e Deyvesson Gusm&atilde;o.&nbsp;

A equipe apresentada pela ministra traz apenas homens brancos. As escolhas foram alvo de cr&iacute;ticas nas redes sociais. &quot;E a diversidade racial e de g&ecirc;nero na pasta, ministra?&quot;, questionou um internauta.&nbsp;

&quot;Cad&ecirc; as mulheres, em especial as mulheres negras?&quot;, perguntou outra. &quot;Sem desmerecer os nomeados e apostando na sua atua&ccedil;&atilde;o como ministra, s&oacute; uma pergunta: vamos ampliar a representatividades nas pr&oacute;ximas nomea&ccedil;&otilde;es?&quot;, indagou uma terceira.&nbsp;

Margareth n&atilde;o respondeu nenhum dos coment&aacute;rios.&nbsp;

&ldquo;Muito, muito. &Eacute; muito dif&iacute;cil a gente conseguir um emprego. Por qual motivo, eu n&atilde;o consigo entender, mas que &eacute; dif&iacute;cil, &eacute;. Principalmente agora na &eacute;poca de pandemia, est&aacute; mais dif&iacute;cil ainda. S&atilde;o poucas vagas, e as vagas s&atilde;o muito concorridas. Eles querem que a gente tenha experi&ecirc;ncia de 30 anos, s&oacute; que a gente tem apenas 25 anos de idade. Ou voc&ecirc; tem que ter muita experi&ecirc;ncia, tem que ter estudo. Quando a gente n&atilde;o tem nenhum dos dois, fica muito dif&iacute;cil&rdquo;, desabafa uma jovem negra, de 25 anos, de Belo Horizonte.

O depoimento, n&atilde;o identificado, faz parte do estudo Jovens Negros e o Mercado de Trabalho, uma pesquisa in&eacute;dita encomendada pelo Banco Mundial ao N&uacute;cleo de Pesquisa Afro do Centro Brasileiro de An&aacute;lise e Planejamento (Cebrap) e ao Instituto de Refer&ecirc;ncia Negra Peregum.&nbsp;

A jovem n&atilde;o est&aacute; sozinha &ndash; o estudo mostra que, embora a popula&ccedil;&atilde;o negra seja maioria no Brasil, 56%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat&iacute;stica (IBGE), essa parcela &eacute; a que tem os menores &iacute;ndices de acesso &agrave; educa&ccedil;&atilde;o, &agrave; sa&uacute;de e ao mercado de trabalho. S&atilde;o tamb&eacute;m os negros que mais sofrem com os altos &iacute;ndices de viol&ecirc;ncia e encarceramento no pa&iacute;s.

O estudo usa dados de pesquisas do IBGE, al&eacute;m de entrevistas feitas com jovens em Bel&eacute;m, Recife, Bras&iacute;lia, Belo Horizonte e Porto Alegre. Os dados mostram que a contrata&ccedil;&atilde;o e at&eacute; mesmo os sal&aacute;rios variam de acordo com a ra&ccedil;a, o g&ecirc;nero e se se trata, ou n&atilde;o, de uma pessoa com defici&ecirc;ncia. Prova disso &eacute; que, no Brasil, de um lado, quase metade dos empregadores s&atilde;o homens brancos (45%) e mais da metade das mulheres brancas t&ecirc;m v&iacute;nculo empregat&iacute;cio formal. Do outro lado, 60% dos trabalhadores informais s&atilde;o negros.

De acordo com a pesquisa, o esfor&ccedil;o de inser&ccedil;&atilde;o no mercado de trabalho &ldquo;muitas vezes &eacute; cercado de constrangimentos que terminam por [se] constituir [em] barreiras de ingresso&rdquo;, diz o texto. Dentre os 70 entrevistados, 28 jovens mencionaram barreiras percebidas no processo de contrata&ccedil;&atilde;o. Em primeiro lugar, 28 pessoas destacaram a relev&acirc;ncia da apar&ecirc;ncia, como a cor de pele ou &ldquo;...destoar de um padr&atilde;o de RH [recursos humanos]&rdquo;. Dezessete dos entrevistados chamaram a aten&ccedil;&atilde;o para a falta de experi&ecirc;ncia, 11 para a forma&ccedil;&atilde;o insuficiente, seis destacaram o territ&oacute;rio de origem ou de resid&ecirc;ncia e seis, a identidade de g&ecirc;nero.&nbsp;

Mesmo no mercado de trabalho formal, o tratamento entre brancos e negros n&atilde;o &eacute; igual. Entre pessoas com a mesma escolaridade e o mesmo status ocupacional, homens negros, mulheres brancas e mulheres negras n&atilde;o t&ecirc;m a mesma renda dos homens brancos com escolariza&ccedil;&atilde;o e ocupa&ccedil;&atilde;o semelhantes. Os dados nacionais mostram que homens brancos profissionais e propriet&aacute;rios recebem, em m&eacute;dia, R$ 8.458, enquanto as mulheres negras, profissionais e propriet&aacute;rias recebem 54% menos, ou R$ 3.966.&nbsp;

A pandemia de covid-19 ressaltou as desigualdades. Dados demonstram como, ao longo de 2020, a taxa de desocupa&ccedil;&atilde;o aumentou no pa&iacute;s, crescendo, entre brancos, de 9,2% para 11,6%. Entre negros, por&eacute;m, a taxa subiu de 11,4% para 16,6%.&nbsp;

A pesquisa aborda tamb&eacute;m a desigualdade entre pessoas com e sem defici&ecirc;ncia e mostra que, mesmo quando conseguem uma ocupa&ccedil;&atilde;o, o valor dos rendimentos m&eacute;dios das pessoas com defici&ecirc;ncia &eacute; mais baixo do que o da popula&ccedil;&atilde;o sem defici&ecirc;ncia e as desigualdades raciais e de g&ecirc;nero seguem padr&atilde;o similar. Mulheres brancas com defici&ecirc;ncia recebem 69% do que recebem os homens brancos com defici&ecirc;ncia. J&aacute; os homens negros com defici&ecirc;ncia recebem 53% e as mulheres negras, 40% dos homens brancos.

&ldquo;Dessa forma, n&atilde;o &eacute; surpresa que jovens afrodescendentes muitas vezes sejam c&eacute;ticos em geral quanto a continuar a estudar, a procurar emprego e permanecer nele. Mesmo quando jovens negros conseguem superar as desvantagens educacionais, suas inser&ccedil;&otilde;es no mercado de trabalho permanecem prec&aacute;rias e n&atilde;o condizentes com sua forma&ccedil;&atilde;o&rdquo;, diz o estudo.

RECOMENDA&Ccedil;&Otilde;ES 
Diante de tal cen&aacute;rio, o estudo faz uma s&eacute;rie de recomenda&ccedil;&otilde;es para mudar a situa&ccedil;&atilde;o atual do pa&iacute;s, entre as quais destaca-se a realiza&ccedil;&atilde;o de campanhas ou pol&iacute;ticas de promo&ccedil;&atilde;o da inclus&atilde;o tecnol&oacute;gica. Tanto o acesso a computadores como o fornecimento de internet de qualidade gratuita, ou a pre&ccedil;os acess&iacute;veis, poder&atilde;o impactar na escolariza&ccedil;&atilde;o e no mercado de trabalho nos pr&oacute;ximos anos.&nbsp;

No setor privado, a recomenda&ccedil;&atilde;o &eacute; ter programas de trainee espec&iacute;ficos para negros. &Eacute; necess&aacute;ria tamb&eacute;m maior permeabilidade territorial e iniciativas de maior escala, para chegar de fato &agrave; maior parte da popula&ccedil;&atilde;o. Programas de subs&iacute;dios salariais podem ser boas alternativas.

O estudo chama a aten&ccedil;&atilde;o para a necessidade de redu&ccedil;&atilde;o de obst&aacute;culos econ&ocirc;micos para a conclus&atilde;o escolar, o que ajudar&aacute; crian&ccedil;as e jovens, principalmente negros e com defici&ecirc;ncia de origem desfavorecida, a prosperar academicamente. &nbsp;&Eacute; necess&aacute;rio ainda investimento em vagas priorit&aacute;rias em creches, uma vez que subs&iacute;dios para cuidado dos filhos s&atilde;o fundamentais para permitir que jovens m&atilde;es de fam&iacute;lias de baixa renda continuem estudando e aliviar irm&atilde;os mais velhos da obriga&ccedil;&atilde;o de cuidar dos menores, o que tamb&eacute;m se configura como causa do abandono escolar prematuro de meninas.

Os pesquisadores recomendam ainda subs&iacute;dios salariais direcionados a criar incentivos para inser&ccedil;&atilde;o de jovens negros e em situa&ccedil;&atilde;o de vulnerabilidade no mercado de trabalho, seja por meio de uma pol&iacute;tica de subs&iacute;dio salarial ou de isen&ccedil;&atilde;o fiscal para as empresas.

Outra a&ccedil;&atilde;o &eacute; oferecer subs&iacute;dios de transporte como assist&ecirc;ncia &agrave; procura de emprego. An&aacute;lises recentes mostram que pessoas de baixa renda tendem a viver muito mais longe do trabalho, requerendo muito tempo de deslocamento, mesmo em grandes &aacute;reas metropolitanas como S&atilde;o Paulo. Subs&iacute;dios aos transportes para jovens que procuram emprego podem aliviar esta barreira de acesso a mercados de trabalho.

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Relat&oacute;rio da Organiza&ccedil;&atilde;o das Na&ccedil;&otilde;es Unidas (ONU), divulgado nesta segunda-feira (28), que analisou a justi&ccedil;a racial ap&oacute;s o assassinato do norte-americano George Floyd em 2020, apela a todas as na&ccedil;&otilde;es para que ponham fim &agrave; &quot;impunidade&quot; das for&ccedil;as de seguran&ccedil;a que violam os direitos humanos dos negros. A chefe dos Direitos Humanos da ONU pede, no documento, que todo o mundo colabore para ajudar a acabar com a discrimina&ccedil;&atilde;o, a viol&ecirc;ncia e o racismo sist&ecirc;mico contra os afrodescendentes e que fa&ccedil;am &quot;as pazes&quot;.

Desenvolvido ap&oacute;s o assassinato de George Floyd por um policial norte-americano em Minneapolis, em maio de 2020, o relat&oacute;rio da ONU diz que a discrimina&ccedil;&atilde;o racial e o uso de for&ccedil;a excessiva pela pol&iacute;cia est&atilde;o enraizados nos Estados Unidos (EUA), na Europa e na Am&eacute;rica Latina. Michelle Bachelet, a alta comiss&aacute;ria da ONU para os Direitos Humanos, mostra, com o documento, uma vis&atilde;o mais abrangente dos maus-tratos enfrentados pelos negros ao longo de s&eacute;culos, principalmente por causa do com&eacute;rcio transatl&acirc;ntico de escravos, e pede uma abordagem &quot;transformadora&quot; para os dias de hoje.

A ag&ecirc;ncia da ONU analisou 190 assassinatos de africanos e afrodescendentes por agentes de autoridade em todo o mundo e concluiu que os policiais &quot;raramente s&atilde;o responsabilizados&quot; por matar pessoas de origem africana, principalmente devido a investiga&ccedil;&otilde;es &quot;deficientes&quot; e &agrave; falta de vontade de reconhecer o impacto do racismo estrutural.

Para Bachelet, o racismo estrutural cria barreiras ao acesso das minorias a empregos, &agrave; sa&uacute;de, &agrave; habita&ccedil;&atilde;o, &agrave; educa&ccedil;&atilde;o e at&eacute; &agrave; Justi&ccedil;a.

&quot;Estou pedindo a todos os Estados que parem de negar e comecem a desmantelar o racismo, para acabar com a impunidade e construir confian&ccedil;a, para ouvir as vozes dos afrodescendentes e para confrontar legados do passado e compens&aacute;-los&quot;, escreveu a alta comiss&aacute;ria no relat&oacute;rio.

Essas compensa&ccedil;&otilde;es, acrescentou, &quot;n&atilde;o devem ser apenas equiparadas a indeniza&ccedil;&otilde;es financeiras&quot;, mas devem incluir a restitui&ccedil;&atilde;o, a reabilita&ccedil;&atilde;o, o reconhecimento de injusti&ccedil;as, os pedidos de desculpas, a memorializa&ccedil;&atilde;o, as reformas educacionais e &quot;garantias&quot; de que tais pr&aacute;ticas n&atilde;o se repetir&atilde;o.

Al&eacute;m do caso pol&eacute;mico de Floyd, s&atilde;o citados mais seis casos no relat&oacute;rio, como o de Kevin Clarke que morreu ap&oacute;s ser detido por policiais em Londres, em 2018. &Agrave; &eacute;poca, o juiz considerou que Clarke, que j&aacute; em 2002 tinha sido diagnosticado com esquizofrenia paranoica, concluiu que o uso inadequado de for&ccedil;as pela pol&iacute;cia levou &agrave; sua morte.

Os casos restantes citados incluem um adolescente afro-brasileiro, de 14 anos, morto a tiros numa opera&ccedil;&atilde;o policial antidrogas em S&atilde;o Paulo, em maio de 2020, e um franc&ecirc;s de origem maliana, de 24 anos, que morreu sob cust&oacute;dia policial em julho de 2016.

Racismo e discrimina&ccedil;&atilde;o 
A ag&ecirc;ncia da ONU para os Direitos Humanos foi incumbida, em junho de 2020, de redigir um relat&oacute;rio aprofundado sobre o racismo sist&ecirc;mico contra africanos e afrodescendentes. Aproveitando a an&aacute;lise intensa sobre racismo em todo o mundo e o impacto nos afrodescendentes, como nos casos de assassinatos de negros desarmados nos Estados Unidos, o relat&oacute;rio analisou viola&ccedil;&otilde;es dos direitos humanos, respostas dos governos a protestos pac&iacute;ficos antirracismo e responsabiliza&ccedil;&atilde;o e compensa&ccedil;&atilde;o das v&iacute;timas.

&quot;H&aacute; hoje uma oportunidade importante para alcan&ccedil;ar um ponto de inflex&atilde;o para a igualdade racial e a justi&ccedil;a&quot;, diz o relat&oacute;rio, que apela aos pa&iacute;ses para que acelerem a&ccedil;&otilde;es a fim de acabar com a injusti&ccedil;a racial, a p&ocirc;r fim &agrave; impunidade nas viola&ccedil;&otilde;es de direitos pela pol&iacute;cia, a garantir que os afrodescendentes e aqueles que falam contra o racismo sejam ouvidos e que os &quot;erros do passado&quot; sejam enfrentados por meio de responsabiliza&ccedil;&atilde;o e compensa&ccedil;&atilde;o.

&quot;O racismo e a discrimina&ccedil;&atilde;o racial contra africanos e afrodescendentes est&atilde;o frequentemente enraizados em pol&iacute;ticas e pr&aacute;ticas baseadas na degrada&ccedil;&atilde;o do status dos indiv&iacute;duos na sociedade&quot;, acrescenta o relat&oacute;rio.

Segundo a investiga&ccedil;&atilde;o, que vem sendo feita desde o ano passado, o problema prevalece mais em pa&iacute;ses com legado de escravatura, de com&eacute;rcio transatl&acirc;ntico de africanos escravizados ou de colonialismo, o que resultou na fixa&ccedil;&atilde;o de grandes comunidades de descendentes de africanos.

&quot;O racismo sist&ecirc;mico precisa de resposta sist&ecirc;mica. &Eacute; preciso haver uma abordagem abrangente, em vez de fragmentada, para desmantelar sistemas enraizados durante s&eacute;culos de discrimina&ccedil;&atilde;o e viol&ecirc;ncia. Precisamos de uma abordagem transformadora que aborde as &aacute;reas interconectadas que impulsionam o racismo e levam a trag&eacute;dias constantes, totalmente evit&aacute;veis, como a morte de George Floyd&quot;, argumentou Michelle Bachelet.

Fam&iacute;lias &quot;tra&iacute;das&quot;&nbsp; 
Durante a an&aacute;lise dos casos de mortes sob cust&oacute;dia policial em diferentes pa&iacute;ses, o relat&oacute;rio identificou &quot;semelhan&ccedil;as impressionantes&quot; e padr&otilde;es - incluindo os obst&aacute;culos que as fam&iacute;lias enfrentam para ter acesso &agrave; Justi&ccedil;a. O relat&oacute;rio observa que os dados dispon&iacute;veis mostram &quot;um quadro alarmante de impactos desproporcionais e discriminat&oacute;rios em todo o sistema sobre os afrodescendentes quando abordados pelas autoridades policiais e com o sistema de Justi&ccedil;a criminal em alguns Estados&quot;.

Muitas fam&iacute;lias &quot;sentiram-se continuamente tra&iacute;das pelo sistema&quot;, citam &quot;uma profunda falta de confian&ccedil;a&quot; e, &quot;muitas vezes, recai sobre as v&iacute;timas e os familiares lutar pela responsabiliza&ccedil;&atilde;o sem o apoio adequado&quot;.

&quot;V&aacute;rias fam&iacute;lias me descreveram a agonia que enfrentaram ao lutar pela verdade, a Justi&ccedil;a e a compensa&ccedil;&atilde;o, e a angustiante presun&ccedil;&atilde;o de que os seus entes queridos de alguma forma &#39;mereciam&#39;&quot;, disse Bachelet. &quot;&Eacute; desanimador que o sistema n&atilde;o esteja preparado para os apoiar. Isso tem de mudar&quot;.

Investiga&ccedil;&otilde;es, processos, julgamentos e decis&otilde;es judiciais muitas vezes deixam de considerar o papel que a discrimina&ccedil;&atilde;o racial, os estere&oacute;tipos e o preconceito institucional podem ter nas mortes sob cust&oacute;dia, acrescenta o relat&oacute;rio.

Com a investiga&ccedil;&atilde;o, o objetivo do relat&oacute;rio &eacute; transformar essas abordagens numa resposta mais sist&ecirc;mica por parte dos governos para lidar com o racismo, e n&atilde;o apenas nos Estados Unidos. Casos semelhantes s&atilde;o denunciados tamb&eacute;m em cerca de 60 pa&iacute;ses, incluindo a B&eacute;lgica, o Brasil, Reino Unido, Canad&aacute;, a Col&ocirc;mbia e Fran&ccedil;a, entre outros.

&quot;N&atilde;o conseguimos encontrar um &uacute;nico exemplo de um Estado que tenha considerado totalmente o passado ou explicado de forma abrangente os impactos na vida dos afrodescendentes hoje&quot;, escreveu Mona Rishmawi, que lidera uma unidade contra a discrimina&ccedil;&atilde;o na ONU. &quot;A nossa mensagem, portanto, &eacute; que essa situa&ccedil;&atilde;o &eacute; insustent&aacute;vel&quot;.

<img alt="Resultado de imagem para STF inicia julgamento de lei que reserva vagas para negros em concursos" 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style="float:left; height:198px; margin-left:5px; margin-right:5px; width:350px" />O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou ontem (11) o julgamento da A&ccedil;&atilde;o Declarat&oacute;ria de Constitucionalidade (ADC) 41, que tem por objeto a Lei 12.990/2014, a chamada Lei de Cotas, que reserva aos negros 20% das vagas oferecidas nos concursos p&uacute;blicos da administra&ccedil;&atilde;o federal. Al&eacute;m do relator, ministro Lu&iacute;s Roberto Barroso, votaram os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Rosa Weber e Luiz Fux, todos pela proced&ecirc;ncia da a&ccedil;&atilde;o. O julgamento foi suspenso e ser&aacute; retomado posteriormente.

Para o relator, ministro Lu&iacute;s Roberto Barroso, n&atilde;o h&aacute; viola&ccedil;&atilde;o &agrave; regra constitucional do concurso p&uacute;blico, pois para serem investidos nos cargos p&uacute;blicos &eacute; necess&aacute;rio que os candidatos sejam aprovados, ou seja, que tenham um desempenho m&iacute;nimo exigido.

Como tese de julgamento, o ministro prop&ocirc;s a formula&ccedil;&atilde;o: &ldquo;&Eacute; constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos p&uacute;blicos para provimento de cargos efetivos e empregos p&uacute;blicos no &acirc;mbito da administra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica direta e indireta. &Eacute; leg&iacute;tima a utiliza&ccedil;&atilde;o, al&eacute;m da autodeclara&ccedil;&atilde;o, de crit&eacute;rios subsidi&aacute;rios de heteroidentifica&ccedil;&atilde;o desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o contradit&oacute;rio e a ampla defesa&rdquo;.

O ministro Alexandre de Moraes defendeu que a quest&atilde;o deve ser abordada com base no princ&iacute;pio da igualdade, no seu aspecto material, sendo aceit&aacute;veis tratamentos diferenciados, &ldquo;desde que o elemento discriminador tenha uma finalidade espec&iacute;fica, compat&iacute;vel com a Constitui&ccedil;&atilde;o Federal, de aproximar as diferen&ccedil;as&rdquo;. Ele entendeu que o tratamento normativo diferenciado dado aos cotistas &eacute; constitucional apenas para o provimento inicial no servi&ccedil;o p&uacute;blico, e n&atilde;o para a progress&atilde;o durante a carreira.

O ministro Edson Fachin tamb&eacute;m se pronunciou pela proced&ecirc;ncia da a&ccedil;&atilde;o. No entanto, segundo Fachin, o artigo 4&ordm; da Lei 12.990, que trata dos crit&eacute;rios de nomea&ccedil;&atilde;o dos candidatos cotistas aprovados, deve se projetar n&atilde;o apenas na nomea&ccedil;&atilde;o, &ldquo;mas em todos os momentos da vida funcional dos servidores p&uacute;blicos cotistas&rdquo;. A ministra Rosa Weber seguiu integralmente o voto do relator.

O ministro Luiz Fux tamb&eacute;m entendeu que a ADC 41 deve ser julgada procedente. O ministro Fux d&aacute; maior extens&atilde;o &agrave; decis&atilde;o para que a regra alcance todos os Poderes da Rep&uacute;blica, bem como a todas as unidades federadas.

ADC 41

A A&ccedil;&atilde;o Declarat&oacute;ria de Constitucionalidade (ADC) 41 foi interposta em defesa da Lei Federal 12.990/2014, a chamada Lei de Cotas, que reserva aos negros 20% das vagas oferecidas nos concursos p&uacute;blicos para provimento de cargos efetivos e empregos p&uacute;blicos no &acirc;mbito da administra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica federal direta e indireta. O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) &eacute; autor da a&ccedil;&atilde;o.

A a&ccedil;&atilde;o foi protocolada uma semana ap&oacute;s um juiz da Para&iacute;ba garantir a um candidato aprovado em um concurso p&uacute;blico para o Banco do Brasil direito a ser nomeado na frente de candidatos que se autodeclararam negros e que obtiveram notas menores. Na decis&atilde;o, o juiz considerou a lei inconstitucional.

Para a OAB, a implementa&ccedil;&atilde;o das cotas nas sele&ccedil;&otilde;es para o servi&ccedil;o p&uacute;blico &eacute; um instrumento necess&aacute;rio para combater a discrimina&ccedil;&atilde;o racial. Al&eacute;m disso, a entidade entende que o sistema cotas em concursos e nas universidades p&uacute;blicas n&atilde;o configura tratamento privilegiado &agrave; popula&ccedil;&atilde;o negra. A a&ccedil;&atilde;o declarat&oacute;ria de constitucionalidade foi distribu&iacute;da para o ministro Roberto Barroso no in&iacute;cio de 2016.

Agencia Brasil

<img alt="Beyoncé em vídeo do 'álbum visual' 'Lemonade' (Foto: Divulgação)" src="http://s2.glbimg.com/y5BbE-ysrbrUuDp-1aOFxPGWVTk=/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2016/04/26/b.jpg" style="height:395px; width:650px" />

A cantora americana Beyonc&eacute; publicou nesta quinta-feira (7) uma carta aberta com fortes cr&iacute;ticas &agrave;s recentes mortes de negros por policiais dos Estados Unidos e afirmou que a comunidade n&atilde;o precisa de compaix&atilde;o, mas sim respeito por suas vidas&nbsp;(leia o texto abaixo).

Ela citou as mortes de Alton Sterling, um homem negro de 37 anos morto na ter&ccedil;a-feira (5) em Baton Rouge, na Louisiana, por dois policiais brancos, e do jovem Philando Castile, que morreu na quarta-feira (6) em Falcon Heights, em Minnesota, em outro incidente com agentes que o prenderam por uma infra&ccedil;&atilde;o de tr&acirc;nsito.

&quot;Estamos fartos e cansados dos assassinatos de homens e mulheres jovens em nossas comunidades. Depende de n&oacute;s tomar uma posi&ccedil;&atilde;o e exigir que eles &#39;parem de nos matar&#39;&quot;, escreveu a cantora.

&quot;N&oacute;s n&atilde;o precisamos de compaix&atilde;o. Precisamos que todos respeitem nossas vidas. N&oacute;s vamos nos mobilizar como comunidade e lutar contra qualquer um que acredite que o assassinato ou qualquer outra a&ccedil;&atilde;o violenta contra aqueles que juraram nos proteger devem continuar constantemente impunes&quot;, completou Beyonc&eacute;.

A cantora, geralmente reticente a falar com a imprensa, tem se mostrado especialmente ativa em erguer sua voz contra a brutalidade policial como com o clipe que gravou sobre o tema, &quot;Formation&quot;, lan&ccedil;ado em fevereiro, e que gerou cr&iacute;ticas por parte de alguns pol&iacute;ticos conservadores americanos.

&quot;Estes roubos de nossas vidas nos fazem sentir desamparados e sem esperan&ccedil;a. Mas temos que crer que estamos lutando pelos direitos da pr&oacute;xima gera&ccedil;&atilde;o, pelos homens e mulheres que acreditam no bem&quot;, acrescentou a cantora, ao ressaltar que esta &eacute; &quot;uma luta humana&quot;.

&quot;N&atilde;o importa a ra&ccedil;a, o g&ecirc;nero ou a orienta&ccedil;&atilde;o sexual. Esta &eacute; uma luta para qualquer um que se sente marginalizado e que n&atilde;o tem direito &agrave; liberdade e aos direitos humanos. &quot;

Na mensagem, a cantora quis deixar claro que o texto n&atilde;o &eacute; uma cr&iacute;tica contra todos os policiais, mas contra &quot;aqueles seres humanos que n&atilde;o sabem avaliar a vida&quot;. &quot;A guerra contra as pessoas de cor e contra todas as minorias deve acabar. O medo n&atilde;o &eacute; uma desculpa. O &oacute;dio n&atilde;o vencer&aacute;.&quot;

<blockquote>
Leia, abaixo, a &iacute;ntegra da carta aberta de Beyonc&eacute;: 
 
Estamos fartos e cansados dos assassinatos de homens e mulheres jovens em nossas comunidades. 
 
Depende de n&oacute;s tomar posi&ccedil;&atilde;o e exigir que eles &quot;parem de nos matar&quot;. 
 
N&oacute;s n&atilde;o precisamos de compaix&atilde;o. N&oacute;s precisamos que todos respeitem nossas vidas. 
 
N&oacute;s vamos nos mobilizar como uma comunidade e lutar contra qualquer um que acredite que o assassinato ou qualquer outra a&ccedil;&atilde;o violenta contra aqueles que juraram nos proteger devem continuar constantemente impunes.&nbsp;
</blockquote>

<blockquote>
Estes roubos de vidas nos faz sentir desamparados e sem esperan&ccedil;a mas n&oacute;s temos temos de acreditar que estamos lutando pelos direitos da pr&oacute;xima gera&ccedil;&atilde;o, pelos homens e mulheres jovens que acreditam no bem.
</blockquote>

<blockquote>
Esta &eacute; uma luta humana. N&atilde;o importa sua ra&ccedil;a, g&ecirc;nero ou orienta&ccedil;&atilde;o sexual. Esta &eacute; uma luta por qualquer um que se sente marginalizado, que est&aacute; lutando por liberdade e direitos humanos.
</blockquote>

<blockquote>
Isto n&atilde;o &eacute; um recado a todos os oficiais de pol&iacute;cia mas para todo ser humano que n&atilde;o valoriza a vida. A guerra contra pessoas de cor e todas as minorias precisa acabar.
</blockquote>

<blockquote>
Medo n&atilde;o &eacute; uma desculpa. O &oacute;dio n&atilde;o vencer&aacute;.

N&oacute;s todos temos o poder de canalizar nossa raiva e frustra&ccedil;&atilde;o para a &ccedil;&atilde;o. N&oacute;s devemos usar nossas vozes para fazer contato com pol&iacute;ticos e legisladores e nossas comunidades para pedir mudan&ccedil;as sociais e judiciais.

Enquanto n&oacute;s rezamos pelas fam&iacute;lias de Alton Sterling e Philando Castile, tamb&eacute;m rezaremos pelo fim desta praga de injusti&ccedil;a em nossas comunidades.

Clique para fazer contato com os pol&iacute;ticos e legisladores na sua &aacute;rea. Sua voz ser&aacute; ouvida.

- Beyonc&eacute;
</blockquote>

Reprodu&ccedil;&atilde;o/G1

A diferen&ccedil;a de sal&aacute;rio entre brancos e negros/pardos diminuiu em 2015. Ainda assim, os trabalhadores negros ganharam, em m&eacute;dia, 59,2% do rendimento dos brancos no ano passado.

Apesar de negativo, o resultado mostra um avan&ccedil;o em rela&ccedil;&atilde;o a 2003, quando come&ccedil;ou a ser feita a pesquisa. Naquele ano, os negros n&atilde;o ganhavam nem metade&nbsp;(48,4%) do sal&aacute;rio dos brancos.

Os dados fazem parte da&nbsp;PME&nbsp;(Pesquisa Mensal de Emprego), divulgada nesta quinta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estat&iacute;stica).

O mesmo vale para a compara&ccedil;&atilde;o salarial entre homens e mulheres: o resultado melhorou, mas ainda h&aacute; desigualdade.

Em 2015, elas ganharam, em m&eacute;dia, 75,4% do rendimento deles &ndash; leve alta em&nbsp;rela&ccedil;&atilde;o a 2014, quando o resultado havia sido de&nbsp;74,2%.

M&eacute;dia do rendimento

Em 2015, a m&eacute;dia da renda da popula&ccedil;&atilde;o, j&aacute; descontando a infla&ccedil;&atilde;o, foi de R$ 2.265,09. Houve uma queda de 3,7% em rela&ccedil;&atilde;o a 2014 &ndash;a primeira baixa desde 2004.

A pesquisa &eacute; baseada nos dados das regi&otilde;es metropolitanas de Recife, Belo Horizonte, S&atilde;o Paulo, Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Segundo o instituto, todas as regi&otilde;es tiveram perda no rendimento do trabalhador, com destaque para Belo Horizonte (-4,6%), Rio de Janeiro (-4%) e S&atilde;o Paulo (-4%).

Na compara&ccedil;&atilde;o entre 2015 com 2003, ano do in&iacute;cio da pesquisa, o rendimento m&eacute;dio do trabalhador aumentou 28,4%, o que representa um ganho de cerca de R$ 501,25.

Desemprego foi de 6,9% em dezembro

Em dezembro do ano passado, o desemprego foi de&nbsp;6,9%,&nbsp;maior para o m&ecirc;s desde 2007, quando tinha sido de 7,4%. De janeiro a dezembro de 2015, o desemprego no Brasil teve m&eacute;dia de 6,8%. Em 2014, a m&eacute;dia tinha sido de 4,8%. O aumento de 2 pontos percentuais entre os anos foi o maior registrado na s&eacute;rie hist&oacute;rica, que come&ccedil;ou em 2003.

A m&eacute;dia de pessoas desempregadas no ano passado foi de 1,7 milh&atilde;o, 42,5% maior que a de 2014 (1,2 milh&atilde;o).

Foto: Ilustra&ccedil;&atilde;o

O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da Para&iacute;ba considerou inconstitucional a lei de cotas raciais em concursos p&uacute;blicos, que reserva 20% das vagas a candidatos negros ou pardos, em uma decis&atilde;o sobre um processo de nomea&ccedil;&atilde;o postergada pelo Banco do Brasil. A Lei 12.990 est&aacute; em vigor desde 2014.

Carlos Delano de Ara&uacute;jo Brand&atilde;o ficou em 15.&ordm; lugar em um concurso para escritur&aacute;rio do Banco do Brasil, que convocou 15 candidatos: 11 que disputaram a ampla concorr&ecirc;ncia, tr&ecirc;s cotistas e uma portadora de defici&ecirc;ncia. O advogado de Brand&atilde;o, Max Kolbe, entrou com recurso e alegou que a lei de cotas para concursos p&uacute;blicos &eacute; inconstitucional. &ldquo;N&atilde;o se discute a quest&atilde;o das cotas para as universidades, que &eacute; leg&iacute;tima e confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O concurso em quest&atilde;o diferenciou os candidatos pela sua cor. Como se isso significasse despropor&ccedil;&atilde;o na capacidade de realizar uma prova escrita, o que n&atilde;o ocorreu&rdquo;, disse o advogado.

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O juiz Adriano Mesquita Dantas, em sua decis&atilde;o, afirmou que a lei de cotas para negros e pardos em concursos p&uacute;blicos &eacute; inconstitucional. Um dos argumentos do magistrado &eacute; que &ldquo;n&atilde;o existe direito humano ou fundamental garantindo cargo ou emprego p&uacute;blico aos cidad&atilde;os, at&eacute; porque a matriz constitucional brasileira &eacute; pautada na economia de mercado. N&atilde;o fosse assim, teria o Estado a obriga&ccedil;&atilde;o (ou pelo menos o compromisso de disponibilizar cargos e empregos p&uacute;blicos para todos os cidad&atilde;os&rdquo;.

O magistrado determinou, sob pena de multa di&aacute;ria de R$ 5 mil, que Brand&atilde;o seja contratado imediatamente, pois os tr&ecirc;s cotistas passaram em posi&ccedil;&otilde;es inferiores a dele (25.&ordm;, 26.&ordm; e 27.&ordm;), gra&ccedil;as &agrave; lei que Dantas considera inconstitucional. Em nota, o Banco do Brasil informou que &ldquo;cumpre integralmente a Lei 12.990, que prev&ecirc; a destina&ccedil;&atilde;o de parte das vagas de concursos p&uacute;blicos para negros e pardos&rdquo;. &ldquo;Em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; decis&atilde;o do TRT da Para&iacute;ba, vai analisar a senten&ccedil;a para adotar as medidas judiciais cab&iacute;veis.&rdquo;

A popula&ccedil;&atilde;o que se identifica como preta ou parda cresceu entre a parcela 1% mais rica da popula&ccedil;&atilde;o brasileira. Mesmo assim, segundo dados divulgados hoje (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat&iacute;stica (IBGE), na S&iacute;ntese de Indicadores Sociais, eles representam apenas 17,4% do total da parcela mais rica do pa&iacute;s. Mais de 79% s&atilde;o de pessoas brancas. Em 2004, havia 12,4% de negros e 85,7% de brancos nesse grupo, que &eacute; formado por pessoas que moram em domic&iacute;lios cuja renda m&eacute;dia &eacute; de R$ 11,6 mil por habitante.

Por outro lado, a popula&ccedil;&atilde;o que forma o grupo 10% mais pobre, com renda m&eacute;dia de R$ 130 por pessoa na fam&iacute;lia, continua majoritariamente negra. O percentual aumentou nos &uacute;ltimos 10 anos. Em 2004, 73,2% dos mais pobres eram negros, patamar que aumentou para 76% em 2014. Esse n&uacute;mero indica que tr&ecirc;s em cada quatro pessoas &eacute; negra entre os 10% mais pobres do pa&iacute;s.

Segundo o IBGE, os negros (pretos e pardos) eram a maioria da popula&ccedil;&atilde;o brasileira em 2014, representando 53,6% da popula&ccedil;&atilde;o, enquanto as que se declaravam brancas eram 45,5%. Em 2004, o cen&aacute;rio era diferente, pouco mais da metade se declarava branca (51,2%), enquanto a propor&ccedil;&atilde;o de pretos ou pardos era 48,2.

Os brancos eram 26,5% dos mais pobres em 2004 e sua participa&ccedil;&atilde;o nessa fatia da popula&ccedil;&atilde;o caiu para 22,8% em 2014.

Se considerada a popula&ccedil;&atilde;o total de negros no Brasil, 38,5% deles estavam entre os 30% mais pobres da popula&ccedil;&atilde;o em 2014, valor inferior aos 41,6% registrados em 2004. Houve um aumento da propor&ccedil;&atilde;o de brancos que se encaixam nessa faixa de renda: de 19,1% em 2004 para 19,8%.

J&aacute; os negros que est&atilde;o entre os 30% mais ricos s&atilde;o 20,1% do total da popula&ccedil;&atilde;o desta cor no Brasil. Para os brancos, esse percentual &eacute; de 41,9% e praticamente n&atilde;o se alterou em rela&ccedil;&atilde;o a 2004, quando era de 41,9%.

Em 2004, 17,2% dos negros estavam entre os 30% mais ricos dos brasileiros.

Desigualdade de renda

Para avaliar a desigualdade de renda, o IBGE calculou o &Iacute;ndice de Palma no Brasil, indicador que avalia quanto a mais os 10% mais ricos se apropriam do total dos rendimentos em rela&ccedil;&atilde;o aos 40% mais pobres. Segundo a pesquisa, o rendimento dos 10% mais ricos concentrava um valor 4,3 vezes maior que os 40% mais pobres do pa&iacute;s em 2004, valor que caiu para 3,1 vezes em 2014.

Os n&uacute;meros do IBGE mostram que, em 2014, os 40% mais pobres do Brasil recebiam 13,3% do total da massa de renda do pa&iacute;s, percentual se manteve praticamente est&aacute;vel entre 2011 e 2014, depois de ter crescido de 2004 (10,6%) a 2011 (13,1%). A popula&ccedil;&atilde;o que fica na faixa intermedi&aacute;ria, entre os 40% mais pobres e os 10% mais ricos, elevou sua participa&ccedil;&atilde;o de 43,9% do total da renda para 45,6%. J&aacute; os 10% mais ricos detinham 45,5% do total dos rendimentos em 2004 e perderam participa&ccedil;&atilde;o, chegando a 41% em 2014.

Fonte: Ag&ecirc;ncia Brasil Foto: Reprodu&ccedil;&atilde;o

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Mais da metade dos brasileiros de 15 a 17 anos que se autodeclaram pretos ou pardos estavam no ensino m&eacute;dio (51%) em 2014, segundo levantamento feito pelo Instituto Unibanco com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic&iacute;lios (Pnad) divulgada na semana passada. Em 2001, esse percentual era de 25%. No mesmo per&iacute;odo, a propor&ccedil;&atilde;o de jovens brancos no ensino m&eacute;dio cresceu 14 pontos percentuais &ndash; chegando a 65%.

Em 2001, mais da metade (53%) dos alunos negros de 15 a 17 anos ainda estava estudando na primeira etapa da educa&ccedil;&atilde;o b&aacute;sica, ou seja, estavam atrasados em rela&ccedil;&atilde;o ao que era esperado para a sua faixa et&aacute;ria. Na &uacute;ltima Pnad, o percentual caiu 21 pontos e hoje a propor&ccedil;&atilde;o de jovens negros ainda atrasados no fundamental &eacute; de um ter&ccedil;o (32%) &ndash; entre os brancos, esse percentual &eacute; de 22%.

No total da popula&ccedil;&atilde;o de 15 a 17 anos sem estudar, 19% j&aacute; completaram o ensino m&eacute;dio. Na popula&ccedil;&atilde;o branca, esse percentual &eacute; de 28%, superior ao verificado entre os negros (15%).

Ainda de acordo com o levantamento, 57% dos negros que est&atilde;o fora da escola n&atilde;o completaram o ensino fundamental. Entre os brancos, o percentual de jovens de 15 a 17 anos fora da escola &eacute; de 43%.

Fonte: Ag&ecirc;ncia Brasil Foto: Ilustra&ccedil;&atilde;o

O Minist&eacute;rio da Educa&ccedil;&atilde;o criou um grupo de trabalho para propor a&ccedil;&otilde;es de inclus&atilde;o de negros, pardos, ind&iacute;genas e estudantes com defici&ecirc;ncia em programas de mestrado e doutorado. A medida est&aacute; em portaria publicada na edi&ccedil;&atilde;o desta segunda&nbsp;(15/9) do&nbsp;Di&aacute;rio Oficial da Uni&atilde;o.

Al&eacute;m do mestrado e doutorado, a portaria pretende incluir esses estudantes em programa de mobilidade internacional. O grupo tem o prazo de quatro meses para concluir as atividades.

O grupo de trabalho ser&aacute; formado por representantes de secretarias do Minist&eacute;rio da Educa&ccedil;&atilde;o, pela Secretaria de Pol&iacute;ticas de Promo&ccedil;&atilde;o da Igualdade Racial da Presid&ecirc;ncia da Rep&uacute;blica e organiza&ccedil;&otilde;es como o F&oacute;rum Nacional de Educa&ccedil;&atilde;o Inclusiva, a Associa&ccedil;&atilde;o Brasileira de Pesquisadores Negros, a Comiss&atilde;o Nacional de Educa&ccedil;&atilde;o Escolar Ind&iacute;gena, a Educafro e a Associa&ccedil;&atilde;o Nacional de P&oacute;s-Graduando.

A coordena&ccedil;&atilde;o ser&aacute; de responsabilidade da Coordena&ccedil;&atilde;o de Aperfei&ccedil;oamento de Pessoal de N&iacute;vel Superior (Capes), vinculada ao Minist&eacute;rio da Educa&ccedil;&atilde;o.

Foto: Ilustra&ccedil;&atilde;o/Google

Um homem branco matou nove pessoas na noite da &uacute;ltima quarta-feira (17) em uma igreja frequentada pela comunidade negra de Charleston, na Carolina do Sul, nos Estados Unidos, segundo a pol&iacute;cia local.

&ldquo;Havia oito mortos dentro da igreja. Duas pessoas feridas foram levadas (ao hospital) e uma faleceu. No momento, temos nove v&iacute;timas fatais deste crime odioso&rdquo;, disse o chefe da pol&iacute;cia de Charleston, Gregory Mullen.

 
O ataque ocorreu por volta das 21h (22h no hor&aacute;rio de Bras&iacute;lia), na Emanuel African Methodist Episcopal Church, uma das mais antigas igrejas da comunidade negra de Charleston. O atirador permaneceu durante quase uma hora entre os fi&eacute;is que estudavam a B&iacute;blia na igreja, antes de abrir fogo.

A pol&iacute;cia da cidade persegue um suspeito branco, com cerca de 20 anos, apontado como o autor dos disparos. A opera&ccedil;&atilde;o policial envolve um grande contingente, incluindo meios a&eacute;reos, e prosseguia quatro horas ap&oacute;s o tiroteio.&nbsp;A pol&iacute;cia estadual pediu refor&ccedil;os ao FBI e &agrave; pol&iacute;cia da capital, Washington.

A pol&iacute;cia de Charleston divulgou imagens do atirador, obtidas com c&acirc;meras de seguran&ccedil;a. O suspeito aparece abandonando a igreja em um carro.

Tens&atilde;o racial toma conta da regi&atilde;o

O crime aumenta a tens&atilde;o entre brancos e negros nos Estados Unidos. Nos &uacute;ltimos meses, houve diferentes casos de negros desarmados que foram mortos por pol&iacute;cias brancos. Os homic&iacute;dios causaram protestos violentos em diversas cidades do pa&iacute;s.

Ap&oacute;s o tiroteio em Charleston, a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, fez um apelo aos moradores.

Foto: Reprodu&ccedil;&atilde;o/David Goldman

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