Delator disse que protegeu Cunha por temer retaliação contra família

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Brasil

17 de julho de 2015 às 07h21

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Delator da Operação Lava Jato desde dezembro, o empresário Júlio Camargo disse que vinha omitindo o nome de Eduardo Cunha no escândalo da Petrobras por temer que o presidente da Câmara dos Deputados retaliasse a sua família.

"Todo homem que é responsável é obrigado a ter medo e receio. E uma pessoa que aje não diretamente, e tem que ameaçar você através de terceiros, já é uma pessoa a quem deve se ter todo cuidado", disse Camargo em depoimento na tarde desta quinta (16) à Justiça Federal de Curitiba.

"Estamos falando de uma pessoa, que dizia ele, tinha o comando de 260 deputados no Congresso e na eleição para líder do Congresso [presidente da Câmara dos Deputados], na minha opinião, isso se constatou", continuou.
Embora admita não ter recebido nenhuma ameaça diretamente, Camargo afirmou que tinha "receio" de alguma ação contra terceiros.

"Uma pessoa de alto poder de influência. Meu maior receio, qual é? Família, porque quem age dessa maneira pode perfeitamente agir não contra você mas contra terceiros. A pessoa que é pai de família sabe que machucar um ente querido é pior que machucar a você mesmo. E [Cunha tinha] o poder de influência contra os meus negócios e contra as minhas empresas", afirmou.

No depoimento desta quinta, Camargo disse que Cunha usou um conjunto de requerimentos na Câmara dos Deputados em 2011 para pressioná-lo a pagar uma propina relativa a um contrato de navios-sondas da Petrobras.

Os requerimentos, segundo ele, visavam apurar informações sobre o próprio Camargo e a empresa Mitsui, uma das fornecedoras da Petrobras.

Camargo disse que Cunha o pressionou a pagar US$ 5 milhões em propina. O suborno, segundo ele, foi pago através de uma operação em que transferiu dinheiro para o doleiro Alberto Youssef no exterior e recebeu reais no Brasil.

O dinheiro foi entregue, segundo ele, a Fernando Baiano, apontado como o operador do PMDB para recolher propina de empreiteiras em contratos com a Petrobras.

Em nota, Cunha voltou a atacar o Procurador-Geral da República, responsável pelo pedido de investigação contra o deputado na Lava Jato.

Confira, na íntegra, a nota de Cunha.

Com relação à suposta nova versão atribuída ao delator Júlio Camargo, tenho a esclarecer o que se segue:

1- O delator já fez vários depoimentos, onde não havia confirmado qualquer fato referente a mim, sendo certo ao menos quatro depoimentos.

2- Após ameaças publicadas em órgãos da imprensa, atribuídas ao Procurados Geral da República, de anular a sua delação caso não mudasse a versão sobre mim, meus advogados protocolaram petição no STF alertando sobre isso.

3- Desminto com veemência as mentiras do delator e o desafio a prová-las.

4- É muito estranho, às vésperas da eleição do Procurador Geral da República e às vésperas de pronunciamento meu em rede nacional, que as ameaças ao delator tenham conseguido o efeito desejado pelo Procurador Geral da República, ou seja, obrigar o delator a mentir. 

Reprodução: Folha

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