Delator diz que propina para eleições vem desde 1946

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Brasil

16 de junho de 2016 às 14h45

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Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro que acusa pelo menos 25 políticos, inclusive cardeais do PMDB, afirma que 'o esquema ilícito de financiamento de campanha e de enriquecimento ilícito desvendado pela Lava Jato' ocorre desde aquela época

Em delação premiada, o ex-presidente da Transpetro declarou ‘que o esquema ilícito de financiamento de campanha e de enriquecimento ilícito desvendado pela Lava Jato ocorre desde 1946’.

A corrupção, claro, era motivo de dor de cabeça para o País, recém-saído da ditadura Vargas. No Estadão, de 19 de janeiro de 1946, ‘Notas e informações’ traz: “O inquérito a que se está procedendo, no Banco do Brasil, para apuração dos abusos de crédito que ali se fizeram por ordem do governo ditatorial para fins notoriamente políticos, é necessário que se estenda a todos os atos irregulares que se praticaram nos ministérios e repartições dependentes do governo, alguns dos quais com a nítida feição de advocacia administrativa. (..) A ditadura era a corrupção. É natural que da corrupção se utilizassem, largamente, sem a mínima reserva, todos os que estiveram a seu serviço.”

* Com renúncia de Vargas, em 1945, a Constituição de 1946instaurou uma época histórica de alta relevância na consolidação do Estado Democrático de Direito no Brasil, pois é lembrada como o documento sob cuja égide foi pautado o regime mais liberal da História do Brasil até a promulgação da Constituição de 1988, depois da queda do regime militar, o mesmo que rasgou a Carta, que vigeu apenas 18 anos, já que foi derrubado pelo golpe e consequente ditadura militar de 1964. Mas, ainda assim, foi sob sua vigência que funcionaram os partidos políticos mais importantes de nossa história republicana: a União Democrática Nacional (UDN), composta por adversários do Estado Novo de Getúlio Vargas, que fora derrubado em 1945; o Partido Social Democrático (PSD), formado por líderes estaduais nomeados pelo ex-ditador interventores que representavam a oligarquia política nacional; e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), criado pelo próprio Getúlio para cuidar de sua herança trabalhista. O Partido Comunista Brasileiro (PCB), então liderado por Luís Carlos Prestes, o “cavaleiro da esperança”, chegou a participar do Poder Legislativo no início dessa era, mas terminou sendo extinto e posto na clandestinidade. O regime de 46 era pluripartidário como é o de hoje, mas o jogo do poder foi disputado apenas pela UDN contra o PSD, normalmente coligado com o PTB.

(Estadão/Política)

 

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